Vítima diz que partido de Feliciano ‘sempre soube’ de estupro

A universitária Patrícia Lélis, de 22 anos, ex-integrante do PSC, diz que o partido “sempre soube” que o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) tentou estuprá-la.

Em texto publicado no último sábado, dia 6, a jovem conta que procurou o partido assim que os fatos ocorreram. “Me disseram: ‘Patrícia é melhor você ficar calada, não vamos tomar nenhuma providência’. Entreguei um pendrive com todas as provas em uma reunião, incluindo áudios e conversas, vídeos no próprio partido, onde a liderança teve acesso a tudo isso. Ou seja, SEMPRE souberam do caso“, escreveu.

Ela ainda agradeceu aos amigos que perceberam que havia “algo de errado” nos vídeos em que ela nega o crime e encorajou outras mulheres a denunciarem abusos que foram cometidos por parlamentares. “A ‘direita’ e principalmente pessoas do PSC sempre disseram que odeiam o crime, mas quando o criminoso é do próprio partido, o caso é diferente.

Na sexta-feira, dia 5, o PSC informou que a Direção Nacional do partido determinou a criação de uma comissão interna para apurar o caso.

A jornalista registrou boletim de ocorrência no domingo, dia 7, na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, em Brasília, contra o deputado por tentativa de estupro, assédio sexual e agressão.

Polícia descarta que assessor de Feliciano manteve jornalista refém

O delegado que investiga o caso, Luiz Roberto Hellmeister, descartou a hipótese de sequestro e cárcere privado que o assessor Talma Bauer, chefe de gabinete de Feliciano, pudesse ter praticado sobre a jovem.

Imagens entregues à Polícia pelo hotel San Rafael, no Largo do Aroche, em São Paulo, mostram Bauer abraçando a jornalista no saguão do estabelecimento.

Hellmeister disse que vai analisar as imagens e pedir perícia do material apreendido no hotel. Para o delegado, as imagens podem desconfigurar a situação de sequestro descrita pela jornalista, já que aparentemente trata Bauer como amigo nas imagens.

Bauer é suspeito de ter ameaçado a jovem e a mantido em cárcere privado no quarto do hotel para esconder uma denúncia de estupro contra o deputado Feliciano, ocorrida em Brasília no dia 15 de junho.