Você vai tomar consciência ou mais um drink?
Vitor seguiu a lei: deixou o carro na garagem e foi a pé para uma festa. Gabriella cometeu um crime: dirigiu embriagada. Vitor morreu atropelado e Gabriella responde em liberdade pela acusação de homicídio.
Para acabar com esse tipo de injustiça foi criado um projeto de lei que quer tornar mais duras as penas contra quem dirige depois de beber. A proposta foi discutida pela primeira vez nesta semana na Câmara dos Deputados para tentar mudar as leis de trânsito brasileiras, que oferecem brechas a esse tipo de crime.
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Uma das alterações é aumentar a pena caso seja provado que o motorista estava embriagado, mesmo quando não houver homicídio. O projeto de lei é uma iniciativa do Não Foi Acidente- Viva Vitão, que luta contra a embriaguez ao volante. Segundo o grupo, mais de 60 mil pessoas são vítimas de acidentes de transporte por ano. Dessas, 40% são causadas pela combinação de álcool e direção.
Luto em luta
O movimento Viva Vitão foi criado depois da morte de Vitor Gurman, 24, que, em 2011, foi atropelado em São Paulo ao voltar a pé para casa depois de uma festa. A nutricionista Gabriella Guerrero, denunciada pela morte de Vitor, havia consumido álcool na noite do acidente. Nilton Gurman, 55, tio de Vitor, acompanhou a audiência e afirma que o projeto foi bem recebido: “Conseguimos mais de 1 milhão de assinaturas de pessoas que aderiram ao nosso movimento e levamos muitos familiares de vítimas do Brasil inteiro, acredito que será aprovado.”
Visão total
Enquanto por aqui a luta ainda é fazer com que as leis sejam mais eficazes, a cidade de Nova York (EUA) está discutindo a implantação da campanha Vision Zero, criada na Suécia em 1997 para acabar com mortes e acidentes graves no trânsito. A ideia é implementar medidas para que o sistema de trânsito tenha como prioridade absoluta a vida e a segurança das pessoas.
Depois de reduzir a mortalidade no trânsito pela metade na Suécia e de mostrar resultados muito positivos em outros países, o Vision Zero se tornou a prioridade do prefeito de NY, Bill de Blasio, na área de transportes da cidade.
As medidas do programa Vision Zero variam muito pois devem se adequar à realidade de cada local, mas incluem ações como redução dos limites de velocidade e não usar o celular quanto dirige. Na Suécia, boa parte dos carros oficiais, ônibus escolares e até táxis têm um sistema de bafômetro que impede a partida do veículo quando o condutor ingeriu álcool.
Mas a questão vai além das medidas oficiais contra quem dirige embriagado. Quando beber, decida: você vai assumir o risco de causar um acidente ou se juntar à luta para diminuir a violência no trânsito?