Websérie #Urbano: conheça o trabalho de artistas urbanos do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco
Jota, de Recife, Marcelo Ment, do Rio de Janeiro, e Paulo Ito, de São Paulo, são artistas que transformam a realidade de suas cidades com tinta e spray
A websérie #Urbano, promovida pela Natura e Catraca Livre, percorreu as ruas do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco para conhecer os artistas urbanos que utilizam a cidade como plataforma para realizar seus trabalhos.
Entre diferentes estilos e sotaques, os artistas carregam algo em comum: despertam o olhar de quem transita pelas ruas, criando novas perspectivas e sensações.
Jota – Recife
Júlio César de Freitas, 27, é conhecido como “Jota”. Ele nasceu Carpina, interior de Pernambuco e sempre desenhou e ilustrou. Ele aprendeu as técnicas do graffiti no Espírito Santo.
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“Minha inspiração é a figura do clown. O palhaço que está interessado em fazer as pessoas felizes, mas por dentro está triste e melancólico”, conta.
Jota sonha em pintar a lateral de um prédio e transformar uma fábrica abandonada de sua cidade em uma galeria de arte.
“O muro branco oferece muitas possibilidades. Se eu errar, posso transformar o erro em acerto. E eu trago isso para minha vida”, diz Jota.
O artista urbano não assina as obras, apenas utiliza um símbolo. Ele acredita que arte fala por si só e não precisa de autor para explicá-la.
Pela cidade
É possível encontrar os trabalhos do artista em sua cidade natal e também no caminho até Recife. Ele pintou pedras, em referência à arte rupestre e muros da estrada até a capital.
Em Recife, os graffitis de Jota encontram-se na avenida Mascarenha de Morais, no bairro Ibirabera, Cais José Estelita, Boa Viagem, Reserva do Paiva, entre outros.
Marcelo Ment – Rio de Janeiro
O carioca Marcelo Vaz, 37, conhecido como Ment, nasceu na zona norte do Rio de Janeiro. Desde criança o desenho sempre esteve presente em sua vida.
“O graffiti eu comecei na rua mesmo, nos anos 90. Literalmente fazendo”, comentou. No começo pintou mais os bairros da zona norte e centro do Rio. Hoje, é mais fácil encontrar seus trabalhos na Lapa.
Ele explica que sua fonte de inspiração são os contrastes da cidade. “Hoje moro na zona sul, mas sempre vivi no subúrbio. Circulei o Rio de ponta a ponta”, comenta.
“Os contrastes não são apenas de localização, mas também de comportamentais e culturais”, continua Marcelo Ment.
“Na rua você está sujeito a tudo. Tudo de muito bom e tudo de muito ruim. Não só as pessoas que pintam, mas que circulam e podem amar ou odiar o seu trabalho. A rua é uma fonte inesgotável”, explica o artista urbano.
Para Marcelo Ment, o graffiti é a forma de expressão aberta e democrática. ” A arte sempre foi segmentada, voltada para um público. O graffiti está ali para qualquer pessoa, independente de classe social. Quem circula pela cidade, vai acabar vendo um trabalho”, disse.
Paulo Ito – São Paulo
Paulo Ito formou-se na Unicamp, mas iniciou seus trabalhos pintando portões comerciais. “Minha universidade não tinha convênios com instituições de arte. Meu estágio foi ‘selfmade man’ mesmo”, comenta.
Para Ito, o graffiti vai muito além do colorir a cidade. Seu trabalho é mercado pela forte contestação social. Com força e talento, ele deixa seu recado nos muros da cidade.
A maioria dos trabalhos do artista está localizado na zona oeste de São Paulo, no bairro da Pompéia e também em regiões periféricas.
Ele gostaria de pintar as laterais dos prédios do minhocão. “Ali posso atingir um público que só anda de carro, a classe mais alta do Brasil, mas que discordo do pensamento. O caipira cosmopolita que se acha moderno por imitar a Europa, mas não consegue ser criativo aqui”, comenta.
Para ele, arte é coisa séria. Muitas pessoas querem entrar na arte porque é gostoso de fazer, mas são valores que eu discordo. Quem só quer ganhar dinheiro atrapalha. Artistas viraram mini empresas e isso faz a arte virar um produto, mas é muito mais do que isso”.