Assessor de Bolsonaro: saída é ‘jogar o povo contra o Congresso’

A revista “Época” desta semana traz uma entrevista com o ex-oficial da Marinha Waldir Luiz Ferraz, assessor do presidente Jair Bolsonaro desde os anos 1980.

Waldir com Bolsonaro ao receber comenda do presidente no começo de mês
Créditos: Reprodução
Waldir com Bolsonaro ao receber comenda do presidente no começo de mês

Em um dos trechos da reportagem ele relatou os conselhos que tem passado a Bolsonaro em suas conversas com o presidente:

“Cara, esquece desse Congresso. Você não precisa do Congresso. Quer aprovar alguma coisa? Joga. Se o cara não aprovar, o problema é dele, não é teu. Convoca a imprensa e diz: “Eu estou com vontade de melhorar a vida de vocês, mas o Congresso não quer’. Joga o povo contra o Congresso (…) Só tem bandido ali, não tem ninguém decente naquele Congresso. Se você tirar 5% de gente decente ali é muito (…) Você é diferente. Você deve favores ao povo. Então você pode se lixar para o Congresso”, contou Ferraz sobre uma das conversas com o mandatário.

Para o assessor, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, é o “câncer do Bolsonaro”, por aconselhar o presidente a negociar com o parlamento.

Longe de Brasília, ele afirma não confiar em nenhum auxiliar de Bolsonaro — e admite não ser benquisto no núcleo duro do Planalto.

“Eu precisava estar aqui. Se estivesse aqui, evitaria muita coisa. Porque eu atrapalho, entendeu? Os caras sabem que sou escroto. Ninguém gosta de mim aqui”, disse na entrevista aos repórteres Jussara Soares e Gustavo Maia.

O único em quem Waldir disse confiar é o vereador Carlos Bolsonaro. “O Carlos é linha duríssima. O Carlos, por incrível que pareça, é exatamente como eu. Tudo o que o Carlos faz, eu sustento”.

Empregado como assessor no diretório do PSL do Rio, comandado pelo senador Flávio Bolsonaro, Ferraz recebe R$ 8 mil por mês. “Me deram um cargo lá, nem sei qual é”, disse ele, que é suplente da Comissão Executiva do partido no estado.