Dimenstein: o único grande e grave erro de Bolsonaro em sua imagem
Bolsonaro se apega aos 30% da população que ainda consideram o seu governo ótimo e bom
Nós ficamos mostrando o número de bobagens e absurdos ditas por Jair Bolsonaro.
Não faltam exemplos, fazendo a festa da mídia e, especial, da oposição.
O fato: esses absurdos estão nos cálculos para garantir um nicho.
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O nicho razoável: 30% ainda consideram o governo ótimo e bom.
A maioria da população não conhece a relação de desmatamento da Amazônia e aquecimento; nem sabe o que foi a ditadura; direitos humanos, na visão deles, é para proteger bandidos.
Poucos vão ao cinema. Portanto, tanto faz fechar a Ancine. Nem sabem o que é Ancine.
Como muitos não entendem os danos causados pela mistura de Estado e religião, até gostam a ideia de ter um ministro do STF evangélico.
Aliás, nem sabem o que é direito STF.
Imaginam que o PT e Lula, além da classe política, destruíram o país com corrupção –e Bolsonaro veio salvá-los.
Suspeito que ele imagina algo simples: manter esse nicho e, com o tempo, à medida que a economia ganhe um pouco mais de impulso, sua sustentação se manteria estável ou até, quem sabe ampliaria.
Seria o suficiente –deve pensar Bolsonaro– para ir ao segundo turno eleitoral.
Até lá talvez encontre um inimigo nas esquerdas.
Bolsonaro cometeu um único grande erro nesse jogo de imagens: indicar o filho Eduardo para embaixador nos Estados Unidos.
Argumento de Bolsonaro: “O indicado tem que ser filho de alguém, por que não meu?’.
O erro não é apenas indicação.
Mas o fato de que uma investigação O Globo mostrou que a família Bolsonaro empregou 102 parentes.
Muitos nem trabalhavam para ganhar salários altos.
Isso num país de 12 milhões de desempregados e de salários baixos.
A junção de Eduardo, sem qualificação óbvia (nem fala inglês direito), com as revelações do nepotismo, se infiltra nas bases de Bolsonaro, que odeia o PT pelo desperdício com dinheiro público.
A votação no Senado para aprovar Eduardo na embaixada vai envolver todo o país.
Ou seja, vira conversa de botequim.
É indefensável.
Adicione-se a isso que um dos seus principais aliados –Marco Feliciano– virou escândalo nacional por gastar R$ 157 mil no dentista –e com dinheiro público.
É imagem da velha política –aliás, velhíssima.