Prefeito de Nova York vira alvo do governo Bolsonaro

O Palácio do Planalto usou assessor para assuntos internacionais, Filipe Martins, para rebater a declaração do prefeito de Nova York, Bill De Blasio, de que o presidente Jair Bolsonaro é um “ser humano perigoso”.

No Twitter, Filipe chamou De Blasio de toupeira.

O prefeiro de Nova York, Bill de Blasio
Créditos: Kevin Case/Flickr/Creative Commons
O prefeiro de Nova York, Bill de Blasio

“Não há surpresa alguma em ver Bill de Blasio — um sujeito que colaborou com a revolução sandinista, que considera a USSR um exemplo a ser seguido e que faz comícios no monumento dedicado a Gramsci no Bronx — criticando o PR Bolsonaro. Surpresa seria uma toupeira dessas o elogiar”, escreveu.

Às críticas ao prefeito nova-iorquino foram engrossadas por Eduardo Bolsonaro. O filho do presidente associou as críticas de De Blasio ao “globalismo”.

Eduardo replicou publicação do também deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR) em que ele escreve: “É a prova que ‘o idiota’ não habita somente a América Latina. ‘O idiota’ está por toda parte” Eduardo completou: “O movimento cultural que ocorre no Brasil ocorre da exata e mesma forma no Chile, Inglaterra, França e, claro, nos EUA. Isso visa a construção de um novo mundo suprimindo as culturas locais. Depois falamos que são GLOBALISTAS e ainda há quem queira fazer chacota conosco.”

Na sexta-feira (12), Bill De Blasio pediu oficialmente ao Museu de História Natural que cancele um evento em que Jair Bolsonaro deve receber o prêmio de personalidade do ano.

“Acredito na Primeira Emenda”, disse o prefeito na rádio WNYC, acrescentando: “Se você está falando de uma instituição apoiada publicamente e está falando de alguém que está fazendo algo tangivelmente destrutivo, estou desconfortável com isso.”

De Blasio apontou para os planos de Bolsonaro para desmatar a Amazônia, que ele alertou que poderia colocar em risco o planeta, bem como seu “racismo evidente” e a sua “homofobia”.

Ativistas ambientais também estão pressionando o Museu de História Natural.

Bolsonaro e Trump durante coletiva de imprensa na Casa Branca
Créditos: Isac Nóbrega/Agência Brasil
Bolsonaro e Trump durante coletiva de imprensa na Casa Branca

Em nota publicada no Twitter, a administração do museu disse que o “evento externo e privado, no qual o atual presidente do Brasil será homenageado foi reservado no museu antes de o homenageado ser escolhido”.

“Estamos profundamente preocupados, e estamos explorando nossas opções”, acrescentou.

Na quarta-feira, um grupo de representantes de povos indígenas publicaram uma carta aberta no jornal francês “Le Monde” dizendo que a política ambiental de Bolsonaro os deixa às portas de “um apocalipse”.

A premiação é concedida há 49 anos e busca homenagear dois líderes, um brasileiro e um americano, reconhecidos por melhorar as relações entre EUA e Brasil.

O jantar de gala para mais de mil convidados custa US$ 30 mil por pessoa –todas as estradas já estão esgotadas.

No ano passado, Sergio Moro –hoje ministro da Justiça– foi o brasileiro agraciado.  Em 2017 foi o tucano João Doria.

A escolha de Bolsonaro já havia sido divulgada no começo de fevereiro, antes da viagem que o presidente fez aos Estados Unidos e da decisão de isentar os turistas americanos da necessidade de vista para entrar no Brasil.