15 coisas que aprendemos com Brian Azzarello na CCXP 2016

Brian Azzarello

Comic Con Experience também é lugar de aprender. Além de Bill Sienkiewics, outro mestre das HQs foi convidado para dar uma master class nesta sexta-feira (2): Brian Azzarello, roteirista conhecido por trabalhos como ‘100 Balas’ e ‘Mulher-Maravilha’. O americano já havia apresentado na quinta-feira um painel ao lado de Frank Miller sobre ‘Cavaleiro das Trevas III – A Raça Superior’, em que é corroteirista, e hoje deu dicas para quem quer escrever a sua própria história em quadrinhos. Veja 15 delas:

  • “As histórias vêm de todos os lugares”

Azzarello lê mais de um jornal por dia. Para ele, é importante manter uma antena ligada para narrativas do dia a dia.

  • Sim, arrumar trabalho como roteirista é mais difícil

Se desenhistas já têm dificuldades em apresentar portfólios, escritores costumam encontrar menos pessoas interessadas em investir mais tempo lendo uma proposta, segundo Azzarello. “Não pense que você vai entrar em uma editora e arrumar um emprego”.

  • Use a internet ao seu favor

Segundo o roteirista, editores estão sempre caçando talentos na internet. “Agora é muito fácil publicar algo online, e isso não te custa nada”, ele disse. Mas claro: captar as atenções dos editores não é fácil, então é importante procurar por ideias originais e interessantes.

  • Não é tão difícil encontrar um artista

Sites como o deviantArt são ótimos para quem está procurando um desenhista para ilustrar a sua história. E não se importe em encontrar alguém que more perto da sua casa – dá para trabalhar até com quem mora em outro país.

  • “Se você está começando, evite fazer uma série”

Azzarello sugere começar uma história de até 20 páginas. “Ninguém quer se comprometer [com algo muito mais longo do que isso]”, ele observou. “Escreve uma história curta. Com sorte, o seu artista a terminará”.

  • É importante saber sintetizar

Editores valorizam essa habilidade. Uma ideia que Azzarello dá é escrever três histórias curtas de até oito páginas, e pegar um artista diferente para fazer cada uma.

  • “Você deve escrever sobre o personagem, e não sobre o mundo”

“Conte o mundo através do personagem”, explica Azzarello. (Parece simples, mas não é!)

  • “Saiba o fim da sua história”

Sabe aquelas séries que seriam melhores se fossem resumidas? Então: estabeleça logo um final, para não acabar fazendo enrolando com a sua história e perdendo o interesse do leitor. “O fim é a parte mais importante”, aponta o roteirista, “não seja o último a sair da festa”.

  • Expectativas

Azzarello diz: “as pessoas criam na cabeça delas o que elas querem para o final. E por mais que você se esforce, nunca atinge as expectativas delas”. Não precisa se preocupar demais em atender os desejos do leitor; aliás, o roteirista diz que sabe que um trabalho seu foi bem quando divide a audiência ao meio: 50% de pessoas 100% satisfeitas e 50% de pessoas 100% insatisfeitas.

  • Cuidado com os cliffhangers

A quantidade de cliffhangers depende de cada roteiro. Porém, o mestre adverte: “se o ponto da história inteira é o cliffhanger, então essa não é uma história legal”.

  • “As pessoas têm que se identificar com os personagens”

Mais uma vez, o roteirista exaltou a importância dos personagens em uma história: “eles têm que ser humanos. O perfeito é entediante”. E ainda completou: “é por isso que o Super Homem anda tendo tantos problemas hoje”.

  • “O melhor sentido dos escritores é a audição”

Azzarello sugere ir a lugares estimulantes e prestar atenção nas conversas para melhorar a construção de diálogos. “Escute as pessoas no ônibus. A minha vida inteira eu fui um espião”, conta.

  • “Um truque simples: não é em tudo que as pessoas concordam”

“[É assim que] você tem um diálogo”, explica Azzarello, “isso torna as coisas interessantes e realistas”.

  • Fuja da mesma coisa de sempre

O roteirista fez uma ótima observação sobre as HQs: “minha maior crítica é que todo mundo tem o mesmo ponto de vista. Todos eles lutam pela mesma razão”. (Pense no sucesso de Jessica Jones, que é justamente ter uma protagonista que não tem interessem em salvar a humanidade).

  • “Certifique-se que todos os personagens estão na história por uma razão”

Deixe seus personagens evoluírem com a história. Isso também deixa a sua criação mais interessante e realista.