Brincar sem brinquedo: qual é a importância para a criança?
As maiores brincadeiras estão dentro da cabeça da criança, ou seja, surgem através da imaginação. Nem sempre é preciso de um brinquedo para poder brincar e se divertir. E, na verdade, é bom que a criança não brinque mesmo sempre somente com brinquedos prontos para que ela aprenda a usar sua criatividade e estimule a capacidade de construir.
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Um simples graveto pode se transformar em uma varinha mágica, ou em um foguete, ou quem sabe em um bichinho que anda pelo mato. Vale tudo o que a imaginação da criança permitir e saber criar suas próprias brincadeiras sem brinquedos é importante para o desenvolvimento infantil.
O exercício de transformar objetos e situações em brincadeiras é muito importante na vida de uma criança. A frase “dar asas à imaginação” sempre foi muito coerente e hoje, com tantos brinquedos à disposição dos pequenos, é preciso ser estimulada e praticada de todas as maneiras.
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Em entrevista para Carta Educação, Tatiana Weberman, responsável pelo SlowKids – movimento que propõe a desaceleração para a infância – diz que é preciso não deixar disponível às crianças tantos brinquedos com funções especificas e nem planejar tantas atividades para elas. “Deixar menos opções, muitas vezes, é abrir uma porta para a criatividade e uma vastidão de possibilidades”, afirma.
Na mesma entrevista, Graziela Iacooca, criadora da plataforma de brincadeiras Massacuca, conta que, ao contrário de muitos adultos, as crianças não precisam de instruções para brincar com objetos do cotidiano. “A nossa proposta é tirar o lúdico de objetos normais, o que a criança sabe fazer. Estamos ensinando os adultos a disponibilizar isso para os pequenos”, explica.
Uma das propostas oferecidas por Graziela é fazer um baú de tesouros com uma caixa, balde ou sacola e diferentes objetos da casa – que podem ser utensílios da cozinha em tamanhos e materiais diferentes – para, a partir daí, a criança criar várias histórias e descobertas. Outra sugestão é congelar, mergulhar, ornamentar, enterrar ou fazer qualquer outra coisa que a criatividade permitir com esses mesmos objetos. O Catraquinha já publicou ideias como essas aqui e aqui.
O documentário Território do Brincar aborda o brincar livre a partir do ponto de vista e pesquisa da cineasta Renata Meirelles. Para a produção, ela viajou com o marido e os dois filhos (agora com 6 e 8 anos) por 9 estados brasileiros, se estabelecendo em 14 comunidades diferentes, para observar e estudar as brincadeiras espontâneas infantis. Os destinos escolhidos foram locais com pouca estrutura como o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, ou o Recôncavo Baiano.
Também em entrevista para o Carta Educação, Renata diz que mesmo os brinquedos mais comuns, como um carrinho ou barquinho, quando são feitos pela própria criança contam uma história e geram um vínculo diferente com ela. A cineasta conta que se impressionou com a diversidade de composições de brinquedos e brincadeiras criadas pelas crianças dos locais por onde passou.
Para ela, uma das lições que o projeto Território do Brincar passa é que as crianças precisam da ausência de brinquedos prontos para que possam acessar os próprios desejos, vontades e interesses. “Elas conseguem concretizar na prática seus sonhos com sua imaginação”, diz.
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