Como complementar a renda fazendo bordado em bastidores

25/10/2017 20:09

Quem tem habilidades manuais, gosta de trabalhar em casa e está com algum tempo livre pode usar seu talento para ganhar dinheiro e complementar sua renda mensal. Origami e sabonetes artesanais são algumas opções que já ensinamos aqui. Uma outra opção seria o bordado em bastidor.

Feito de madeira, plástico ou até mesmo metal, o bastidor é uma armação onde se estica e prende o tecido que vai ser bordado. Os bordados feitos em bastidores são muito delicados e usados como pingentes, para adornar ambientes e tantos outros usos.

Peças bordadas em bastidores podem ser uma boa fonte de renda
Peças bordadas em bastidores podem ser uma boa fonte de renda

Debora Camolez que cresceu vendo sua mãe e avó costurarem e bordarem, conversou com a gente sobre a atividade. Ela buscou um curso para preencher o tempo livre que teria durante o período de recuperação de uma cirurgia. Logo ela começou a bordar por hobby, presenteou alguns amigos com suas peças e também ganhou dinheiro com elas. Em uma única peça de um bordado pequeno e pouco complexo ela já recebeu R$ 200. Imagine um mais complexo?

Confira a entrevista completa abaixo:

Como começou o seu interesse por este tipo de bordado?

Eu cresci vendo a minha mãe e minha avó costurando, bordando, fazendo tricô e crochê. Na adolescência aprendi tricô com a minha mãe e sempre admirava o trabalho dela, que estava sempre envolvida com algum fazer manual. Ela bordava ponto cruz e vagonite, eu achava bonito, porém não me identificava, me parecia algo rígido, precisava seguir padrões e gráficos.

E o processo de aprendizado? Você fez aulas ou aprendeu sozinha? 

Em 2015 fiquei sabendo que precisaria fazer uma cirurgia, lembro bem da fala do médico: “A cirurgia não será demorada, mas a recuperação sim, pelo menos 15 dias sem sair de casa”. Isso me preocupou um pouco, 15 dias sem sair de casa, com sonda e etc, não haveriam livros ou séries que dessem conta de tanto tempo livre. Aí fui atrás de cursos para produzir alguma coisa com as mãos, para passar o tempo.

Encontrei no Sesc um curso de bordado experimental. Fui pesquisar sobre e me pareceu interessante. Assim tudo foi se encaixando. Era um curso de 4 aulas, não fui na última aula porque já estava no hospital. Mesmo com poucos encontros, me identifiquei muito com o bordado livre/experimental/contemporâneo.

Sei que devo muito a professora, Flávia Lhacer, que é uma artista incrível e sabe fazer com que cada um encontre seu jeito de bordar e não padronize a produção. Continuei as aulas na casa dela, eram encontros muito ricos, cheios de trocas. Atualmente não faço mais aulas, pesquiso em livros e experimento novos pontos e tecidos, sinto falta de bordar com mais pessoas.

Existe uma diferença entre o bordado normal e em bastidores?

Existem vários tipos de bordados. O bastidor é um instrumento usado para bordar, como a agulha. Mesmo se você for bordar uma camiseta ou uma almofada pode-se usar o bastidor para auxiliar, ele estica o tecido, e “anda” com o bordado. Os pontos do bordado livre são antigos, o que mudou foram as produções. É uma forma de expressão. É a desconstrução do bordado tradicional que lembra a mulher como dona de casa e submissa.

Por que você gosta de fazer o bordado?

O processo todo tem algo de introspectivo e íntimo. O bordado livre é fluído e possibilita colocar algo pessoal no tecido. Ver uma produção sua pronta é bastante prazeroso.

Quando você percebeu que isso poderia ser mais do que um hobby e complementar a sua renda? 

Na verdade, quando comecei a bordar e produzir mais, presenteava as pessoas. Às vezes bordava pensando na pessoa, outras vezes bordava e jogava no Facebook para doação. Aí começaram as encomendas. Eu sempre faço em paralelo um projeto pessoal e uma encomenda e não aceito qualquer pedido. Porque fui percebendo que não tinha prazer em fazer qualquer coisa, não é só pelo dinheiro e não é só a técnica que está em jogo quando eu bordo. Tem coisas que produzi que fiquei bem insatisfeita, ou pela falta de tempo ou porque não me identificava com o pedido.

Qual o valor mínimo e o máximo que já cobrou por um trabalho?

Ah! E não bordo só em bastidor. Falo que dá pra bordar qualquer coisa! O valor mínimo foi doação e o máximo R$200,00 (bastidor pequeno, pouco complexo). Os mais complexos ficam para mim, penduro na minha casa. Geralmente são experimentações que nem consigo precificar.

Qual foi o trabalho mais difícil que você já fez?

Uma vez recebi uma encomenda de uma amiga de uma amiga que tem uma marca de roupas. Ela queria que eu bordasse duas peças em dois dias. Eu aceitei. Fiquei animada com a possibilidade de construir uma parceria e nem pensei que o tempo é importante. Foi um fiasco. O tecido era péssimo, super mole, estampado. Não tive tempo de testar, experimentar, desfazer se precisasse. Fiquei bem insatisfeita com o resultado. Aprendi a falar não, reconhecer meus limites, que seja o limite do relógio.

Veja algumas peças feitas pela Debora:

Quais são as dicas que você dá para quem deseja começar a investir no bordado? 

Dica: Faça aula! Mas faça aula com alguém sensível. Borde, borde muito, borde sozinho, borde com outras pessoas, borde papel, tecido, tudo. Crie, experimente, aprenda vários pontos, mesmo que não os use depois. E troque experiências. Faça por prazer, sempre!

Onde aprender?

  • O Clube do Bordado é um coletivo que ensina técnica do bordado em cursos presenciais e on-line.
  • O Sesc também oferece cursos presenciais gratuitos em suas unidades espalhadas pelo Brasil.
  • Nelson Muniz ensina bordado em bastidor com pedrarias on-line e em cursos presenciais com preço acessível.