Como transformar os restos de alimentos em adubo

27/11/2014 15:26 / Atualizado em 06/05/2020 17:52

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Composteira domestica e industrial[/img]

Comecemos pelo termo compostagem. Que significa transformar (compostar) matéria orgânica, normalmente restos de alimentos (mas podem-se incluir também papéis, madeira, folhas, entre outros), em adubo.

A compostagem pode ser feita utilizando-se uma composteira ou um minhocário e a escolha do processo mais adequado depende, principalmente, da quantidade de resíduos gerados e do espaço disponível para realizar a compostagem.

Composteira

A composteira, seja ela aberta ou fechada, é utilizada, normalmente para grandes escalas e em locais com espaço suficiente. É a forma mais comum de compostagem utilizada por hotéis, pousadas e resorts localizados fora das grandes cidades e que possuem área disponível para tal. A composteira pode ser montada diretamente no solo, sem qualquer proteção, mas é comumente montada em grandes caixas de madeira, caixas de cimento construídas especialmente para tal uso ou outros tipos de materiais reaproveitados, como por exemplo, caixas d’água antigas.

Neste tipo de compostagem são as bactérias que fazem o trabalho de transformar os resíduos em adubo. Outro tipo de compostagem realizada em locais abertos é a compostagem de folhas, que quando recolhidas podem ser amontoadas sempre no mesmo local e com o tempo se transformarão em um rico composto para adubar a plantas.

Quando a produção de resíduos orgânicos não é tão grande, como em residências ou hotéis e pousadas que sirvam, no máximo, 250 refeições por mês, entre café da manha, almoço e jantar, ou para empreendimentos que apesar de produzirem uma grande quantidade de resíduos não possuem local disponível para realizar a compostagem aberta ou fechada, a melhor opção são os minhocários.

O minhocário é diferente da composteira normal. Por ser realizado em espaços pequenos e fechados (normalmente caixas empilhadas), a ação das bactérias decompositoras seria muito devagar e por isso adequa-se esse ambiente para as minhocas, que passam a alimentar-se dos resíduos orgânicos transformando-os em adubo. É uma ótima troca, na qual damos alimentos para as minhocas e em troca elas nos dão o adubo para usarmos em nossos jardins.

Mostraremos aqui os custos e dicas para montar um minhocário para uso doméstico ou para pequenas quantidades.

Para composteiras abertas sugerimos o “manual de compostagem” criado por nossa equipe e para minhocários para grande escala sugerimos entrar em contato com a Morada da Floresta, que realiza esse tipo de projeto.

 

O custo para se fazer um minhocário depende de sua disposição e tempo e do resultado estético desejado. É possível comprar um kit pronto de caixas plásticas que além das caixas possui também a terra inicial e as minhocas, mais fácil que isso impossível. Os custos desse produto variam de R$ 170,00 o kit menor a R$ 270,00 o kit maior e podem ser encontrados na Morada da Floresta ou na Minhocasa.

Para gastar um pouco menos pode-se comprar as caixas plásticas em alguma loja da sua região e construir você mesmo seguindo os passos mais abaixo. Se compradas na loja de fábrica da Marfiniti, por exemplo, para as 03 caixas necessárias o kit maior, o valor total fica em R$ 114,00 além das minhocas e a torneira para o chorume.

Já para aqueles que querem gastar muito pouco e não tem tantos problemas com a estética do conjunto a sugestão é utilizar caixas de madeira, baldes, latas de tinta e outros produtos. Mas neste caso o modo de construção e operação do minhocário será diferente para cada caso.

Caso tenha optado pelo kit pronto, a montagem é bem simples e o kit vem acompanhado de um manual explicativo. Já para os que optaram por comprar as caixas plásticas e construir seu próprio minhocário segue algumas sugestões:

 Material necessário

– três caixas em cor escura, tipo container, que possam ser empilhadas sem o apoio das tampas e uma tampa (Uma das caixas pode ter altura menor que as outras)

– banco, mesa ou similar para apoiar as caixas

– torneirinha de bebedouro

– furadeira com broca de 4 ou 5 milímetros (ou outra técnica para fazer furos em plástico)

– minhocas Californianas (Veja mais abaixo onde encontrá-las)

– terra

– jornal, serragem ou folhas secas

Conforme figura acima, faça de 10 a 15 furos no fundo das caixas 1 e 2 com a broca tamanho 5 e alguns furos na tampa com a broca tamanho 4. Corte a lateral da caixa 3 e fixe a torneirinha (use silicone para vedar a torneira).

Os furos no fundo das caixas servem para permitir que as minhocas passem de uma caixa para a outra. Já os furos na tampa permitem a entrada de oxigênio no sistema. A torneirinha é necessária para a retirada do xorume (liquido produzido durante a compostagem) que ficará armazenada na caixa 3. O xorume pode ser adicionado à água (1 parte de xorume para 10 partes de água) e ser borrifado nas plantas, funcionando com um ótimo inseticida natural.

Coloque uns cinco dedos de terra na caixa 1 para fazer a “cama de terra”, local este onde as minhocas terão um abrigo, e para onde poderão ir quando estivermos mexendo na terra ou quando a temperatura ambiente estiver muito elevada, e em seguida coloque as minhocas.

Aguarde dois dias antes de começar a colocar os restos de comida. Sempre que colocar os alimentos cubra-os com matéria seca (serragem, folhas secas ou jornal picado). Isso evitará o aparecimento de moscas, mosquitos e larvas.

Quando a caixa 1 estiver cheia, passe-a para baixo e deixe compostar, colocando a terra e os restos de alimento na caixa 2. Depois de 45 dias o alimento que estava na caixa 1 já terá se transformado em húmus e estará pronto para uso.

* Lembre-se, para facilitar o manuseio e para que a torneira possa ser instalada no local acima indicado você precisará apoiar as caixas em algum lugar acima do nível do chão.

Para os que preferirem utilizar outros tipos de materiais (latões de lixo, latas de tinta, caixas de madeira, etc.) para fazer o minhocário, a sugestão é fazer depósitos independentes, porque normalmente não haverá a possibilidade de encaixar uma estrutura na outra. Lembrando-se que o mais importante é dar tempo para as minhocas trabalharem, enquanto um depósito estiver cheio vá enchendo o outro. Como exemplo podemos citar o uso de latões de lixo ou latas de tinta.

Independentemente do material escolhido, sempre faça a “cama de terra”, faça os furos para as minhocas respirarem, nunca deixe o minhocário direto no sol e não se esqueça de dar uma saída para o xorume!

Não acrescente restos de comida já temperada ou alimentos industrializados, além de carne, gordura, óleo de cozinha, laticínios, animais mortos, fezes de animais domésticos, plantas doentes (ou que tenham sido tratadas com herbicidas) ou outras substâncias químicas.

Algumas coisas que podem ir na composteira: Cascas e restos de frutas, verduras e legumes (não temperados); guardanapo; filtros de café; restos de poda; entre outros similares.

Evite colocar grandes quantidades de alimentos ácidos, como limão, lima e abacaxi.

Não coloque ervas daninhas invasivas. Mesmo que o calor da composteira mate a maioria das sementes, é melhor pecar pelo excesso e jogá-las fora (se colocadas na composteira, quando for usar o adubo em seu jardim, as ervas invasoras nasceram novamente).

Pique folhas e restos de poda grossos antes de adicioná-los à composteira. Isso ajuda a aumentar a área de superfície desses materiais, deixando-os mais acessíveis a agentes decompositores.

Não use aceleradores ou ativadores de composto em pacotes. Em geral eles fornecem uma dose rápida de nitrogênio que não dura muito e é de pouco benefício. Use fontes orgânicas de nitrogênio, como aparas de grama e esterco.

1. Mexa o material regularmente (a cada dois dias no começo) para acelerar o processo.

2. Não deixe o composto ficar muito úmido ou muito seco. Ele deve ser úmido como uma esponja torcida.

3. Não adicione nenhum material em muita quantidade, a decomposição pode diminuir ou parar.

4. Mantenha um equilíbrio entre material “seco” e “restos de alimentos”.

5. Para facilitar o seu trabalho acumule os restos de comida em um recipiente com tampa e a cada dois ou três dias adicione-os a composteira, assim você não terá que fazer essa operação todos os dias.

6. Meu minhocário possui muitas minhocas. O que fazer?

R. Diferente da maioria dos animais, as minhocas só se reproduzem enquanto tiverem alimento para todas, então não se preocupe, se há muitas minhocas é porque há alimento suficiente para todas.

7. Onde arrumo as minhocas californianas?

R. Primeiro, porque californianas? Estas minhocas comem muito mais que seus pares e por isso fazem a compostagem muito mais rápido que as outras. A opção mais fácil é comprar as minhocas, que podem ser encontradas na Morada da Floresta ou na Minhocasa. Mas você pode facilmente consegui-las com algum conhecido ou estabelecimentos que já realize compostagem. Com poucas minhocas, cerca de 10, já é possível começar o minhocário. Neste caso, no início, coloque pouca matéria orgânica e a medida que o número de minhocas for aumentando (e isso acontece bem rápido) vá aumentando a quantidade de alimento.

8. Porque eu devo fazer a compostagem? Os alimentos não se decompõe naturalmente nos lixões e aterros?

R. Além de evitar o transporte desnecessários desses resíduos até o aterro ou lixão, nesses locais os resíduos ficam muito compactados, sem as condições ideais de temperatura e oxigenação, fazendo com que a matéria orgânica demore muito, mas muito tempo mesmo, para se decompor.

 

Sintoma

Problema

Solução

Cheiro de amônia

Excesso de nitrogênio.

Adicione mais carbono na forma de palha, jornais ou feno.

Cheiro de ovo estragado

Pilha muito úmida ou compacta.

Oxigene a pilha. Adicione mais material seco. Misture partículas pequenas com as grandes. Adicione cal e revire o material.

Decomposição lenta

Material muito seco ou pilha muito pequena. Pode ser por causa da falta de nitrogênio ou de oxigênio.

Adicione água. Faça uma pilha maior. Acrescente materiais ricos em nitrogênio, como restos de poda verdes e sobras de hortaliças. Oxigene regularmente.

Ratos e camundongos

Uso de material errado.

Não use carne, peixe ou pedaços de gordura. Construa uma lixeira à prova de roedores.

Vapor

Excesso de nitrogênio. Ou a pilha está muito grande para ser removida de forma apropriada, deixando o meio muito quente.

Adicione mais material rico em carbono (palha, feno ou serragem). Reduza o tamanho da pilha.

(Fonte: www.casa.hsw.uol.com.br)

 

Hoje a maioria dos hotéis que nossa equipe visita já realiza a compostagem da matéria orgânica. Essa é uma das primeiras ações de um empreendimento que queira tornar-se mais sustentável. Abaixo citamos as opções mais viáveis para seu hotel e também dois casos práticos de hotéis brasileiros que realizam diferentes tipos de compostagem.

Se você tiver um espaço disponível em seu hotel o ideal é utilizar a composteira aberta, integrada ao ambiente. Se bem construída ela não produz odor, nem atrai animais e moscas. A maior prova disso é que muitos empreendimentos já a realizam (veja manual de como montar uma composteira aberta).

Se seu hotel não possui espaço disponível ou a produção não é tão grande a sugestão é a construção dos minhocários, que ocupam pouco espaço e são esteticamente melhores.

Em último caso, se por qualquer motivo não for possível realizar a compostagem de todos os resíduos orgânicos produzidos em seu empreendimento, monte um pequeno minhocário, apenas para demonstração, em algum lugar visível aos seus hóspedes. Você estará contribuindo para a conscientização das pessoas sobre esse tema, e quem sabe seus hóspedes e colaboradores passem a adotar essa ação em casa. uando os buracos estão quase cheios é jogada terra por cima e em seguida é plantado algum tipo de frutífera no local, como, por exemplo, o mamoeiro (pé de mamão, que necessitam de locais muito ricos em nutrientes para se desenvolver.

Outra prática é o uso de antigos monitores de computador que funcionam como as caixas plásticas. Enquanto um monitor está recebendo os restos de alimentos, os outros, já cheios, são os restaurantes das minhocas.

Por Thiago Cagna – Consultor Portal EcoHospedagem 

 

Contribuíram com esta publicação

Revisão e edição de texto – Nathalia Pereira, Jornalista