Entre o belo e o trágico

Transformar realidades crueis em um espaço destinado para a arte, não só dá luz às mazelas ao formar um olhar crítico, como dissemina dois focos primordiais de uma cidade em um só chamado: a arte e o social.

Pessoas do Brasil e do mundo já fazem desse conceito a sua realidade de criação: interligar a força do protesto à beleza da arte. Esse é o caso também das cidades fronteiriças com o México, como El Paso, no Texas (EUA).

De lá saiu a ideia da criação de um canal de comunicação que divulgasse não só as arestas da violência e do descaso mundial pela região, mas também notícias sobre avanços tecnológicos nas Universidades do entorno, através de iniciativas de estudantes, em cultura, e diversos assuntos relacionados ao local.

O espaço é um canal de experimentação de jovens estudantes da Universidade do Texas em El Paso, UTEP. O projeto possui em seu conselho editorial profissionais de vários lugares do mundo como a jornalista cubana Zita Rocha, que atuou durante 20 anos em importantes veículos como: “Washington Post” e “Miami Herald”.

Outro nome é David Smith-Soto, costa-riquenho que ministra aulas de fotografia digital e escrita bilíngue, na faculdade. O profissional tem conhecimento adquirido durante 30 anos de experiência em jornalismo impresso em Porto Rico e na América Latina.

Nesta semana, uma notícia divulgada no veículo e que traduz o princípio que move a imersão da arte transformadora, é de uma exposição de arte barroca do artista Rigoberto A.Gonzalez. A mostra, intitulada como “Barroco em La Frontera”, leva impressões de traços realistas. A exposição acontece de 26 de maio a 24 de setembro, no Stanlee Gerald Rubin & Centro de Artes Visuais, na própria UTEP.

Confira abaixo trecho da entrevista de Rigoberto Gonzalez, retirado do Border Zine:

Ele nasceu em Reynosa, na fronteira do estado de Tamaulipas, no México e se mudou com sua família para a cidade fronteiriça de San Juan, TX quando tinha 9 anos de idade.

Quando voltou para Reynosa, após completar seus estudos, em Nova York, descobriu que sua cidade natal, antes pacífica, havia se transformado em um caos completo devido a confrontos entre quadrilhas de traficantes concorrentes. Entre 2007 e 2010, as autoridades do México estimam que cerca de 35.000 pessoas morreram vítimas da violência relacionada às drogas.

“Eu comecei a ver nos jornais todas essas histórias sobre decapitações e execuções, e quando olhava as fotos nos jornais desses enforcamentos, elas me fizeram lembrar das pinturas de Caravaggio ou a cabeça de João Batista ou David com a cabeça de Golias. “, disse Gonzalez à entrevista ao site.