Intercambistas brasileiros juntam seus conhecimentos e desenvolvem aplicativo na Irlanda

13/04/2015 16:33 / Atualizado em 06/05/2020 20:22

Você que já fez um intercâmbio ou está pensando em um sabe que se expressar sem dominar o idioma e as técnicas de comunicação é um desafio e tanto. Imagina, então, para os bebês que acabaram de encontrar um mundo onde tudo é novo? Um aplicativo para iPhone, o Superhands, quer facilitar o entendimento entre pais e filhos ensinando alguns sinais que bebês seriam capazes de fazer para se comunicar. Mas para tornar o projeto de uma psicóloga irlandesa uma realidade, dois brasileiros encararam um grande desafio.

Há praticamente dois anos, David Pacheco, designer gráfico, e Wander Salomão, analista de sistemas, foram parar na mesma turma de inglês em uma escola em Dún Laoghaire. Com um propósito pessoal e profissional definido, eles chegaram a Dublin para um intercâmbio. Os intervalos de aula contribuíram para perceberem que tinham afinidade.

 
 

Até a amizade, os churrascos e as cervejas virarem papo profissional foi quase um ano. Mas foi só aparecer uma boa ideia para encontrarem novos rumos para aquela parceria de intercâmbio. “Como sou designer freelancer, tive a oportunidade de fazer alguns clientes na Irlanda. Fui apresentado a um projeto da agência Darling, em Dublin, para transformar um livro em aplicativo e pensei no Wander para o desenvolvimento do software”, conta David.

Em comum, os brasileiros acreditam em suas escolhas profissionais e têm vontade de aprender mais. Desafio, para eles, sempre foi sinal de inspiração. “Nosso foco era aprender inglês, arrumar um trabalho na área e aproveitar ao máximo a experiência do intercâmbio”, diz Wander.

Com o aplicativo, eles encontraram o que buscavam: um projeto em inglês, na área em que atuam, que surgiu de novos contatos e proporcionou outros tantos. Para transformar conhecimento em tecnologia, eles também enfrentaram desafios, como os de entender a necessidade do público daquele produto em uma outra cultura e manter a simplicidade e usabilidade do aplicativo.

O Superhands tem o propósito ajudar pais a ensinarem sinais simples de comunicação para seus filhos. Explorando as habilidades naturais dos bebês de 6 a 8 meses, de acordo com o projeto da psicóloga irlandesa que já tem um livro publicado e muitas pesquisas, é possível ensiná-los a se expressar. Com sinais eles podem indicar que estão com fome, sede, chamar pela a mãe ou pelo pai antes mesmo de começarem a falar.

Enquanto David decifrava um jeito de repassar as informações de 40 páginas de um livro para 5 abas do aplicativo, Wander aprendia a linguagem de programação para celular – uma novidade para quem, até então, não tinha experiência com desenvolvimento mobile.

O aplicativo foi lançado em fevereiro deste ano, está disponível para download na Internet e já destacou-se entre os Top 100 da Apple.

Para Chegar Lá

Em fevereiro de 2014, David voltou ao Brasil e Wander continuou na Irlanda. O projeto estava só começando.  Ao longo do último ano, a amizade ganhou força; o projeto, vida.

Para alcançarem seus objetivos, David lembra a importância de saberem o que queriam com o intercâmbio e da perseverança.

 
 
“Eu deixei de lado alguns momentos de lazer para poder focar no crescimento profissional. É preciso se colocar no lugar da empresa que queremos trabalhar: por que contratar você ao invés de pegar alguém local com fluência na língua e sem burocracia com o visto? Tentei vencer essas barreiras apresentando meu trabalho”.

Estudar e praticar inglês também é fundamental para quem quer fazer do intercâmbio algo mais que só diversão e viagem. A dica é começar ainda no Brasil e avançar com filmes, leitura de livros e até fazer um blog em inglês.

 
 
“A Irlanda é um país com muitas oportunidades, principalmente em tecnologia, mas são necessários muito esforço e dedicação”, reforça Wander ao selecionar algumas dicas: “se possível, comece a enviar currículos ainda no Brasil. Se não conseguir e contar apenas com o visto de estudante, não desanime. Muitos head hunters farão contato, você receberá muitos “nãos”. Mas, se for persistente e dedicado, tem tudo para conseguir uma vaga”.

 Fonte: Dublin Para Brasileiros