O Andarilho Araquém

Por: Redação

Araquém Alcântara lança duas novas obras em dezembro. Considerado percursor da fotografia de natureza no Brasil, o profissional lança o inédito “Araquém Alcântara: Fotografias” e a reedição ampliada de “Terra Brasil”. O segundo foi considerado um Best-seller brasileiro do gênero com a venda de mais de 82 mil exemplares em suas onze edições anteriores.

A noite de autógrafos das duas publicações acontece em 8 de dezembro, quarta-feira, a partir das 19 horas na Livraria da Vila dos Jardins (Alameda Lorena, 1.731 – Tel.: (11) 3062-1063), com preços especiais para os dois livros.

Araquém Alcântara já publicou 41 livros temáticos, ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais.

A curadoria das imagens é do fotojornalista e crítico Eder Chiodetto, para quem o andarilho Araquém, após 40 anos como viajante pelo país, agora se liberta, apresentando um trabalho autoral totalmente inovador.

Cena "Araquém Alcântara: Fotografias"

Chiodetto e Araquém já atuaram juntos em outras ocasiões, como no livro “Sertão Sem Fim”, finalista do Jabuti 2009, um dos prêmios literários mais prestigiados do Brasil. O curador comenta a parceria: “A proposta daquela publicação foi renovar a forma como os livros de Araquém eram editados, dando maior ênfase ao olhar fotográfico e menos aos textos ou aos projetos gráficos. No novo trabalho, essa ideia está ainda mais intensa. Não há um tema. O fio condutor é o olhar de Araquém, sua relação com a fotografia, com o Brasil. A poética se sobressai ao discurso político. É um livro de autor, de um poeta que, na maturidade, percebe as nuanças de sua linguagem e a capacidade de dizer o máximo com o mínimo de recursos. Trata-se de um livro de luz. Mostra como um artista reage ao mundo pela percepção da luz e da forma e o traduz subjetivamente em signos universais”, define Chiodetto.

Para o curador, Araquém é um caso raro por manter-se e publicar muito bem ao longo de décadas sem, por exemplo, recorrer à fotografia publicitária, apenas mostrando seu trabalho autoral e a pesquisa sobre o Brasil. “Um artista como esse deve ter algo de especial. Desconheço outro fotógrafo brasileiro com uma trajetória como essa. É bonito perceber que por 40 anos Araquém mantém o foco, seja denunciando os problemas estruturais no trato com o meio ambiente, seja criando a mais importante documentação sobre a fauna e a flora nacionais, seja andando por esse país com seu olhar apaixonado para nos dar a magnitude da cultura brasileira. É uma ação política e poética que as novas gerações precisam conhecer e se espelhar”, diz.

O livro “Araquém Alcântara: Fotografias” reúne 80 fotos clicadas originalmente em preto e branco, a maior parte produzida nos dois últimos anos em todas as regiões do Brasil. Estão lá as pessoas, a metrópole, a mata, o rio e até a neve. As imagens estão desvinculadas umas das outras. Cada uma ocupa uma página ímpar, enquanto as páginas pares trazem a simples identificação da cena, fornecendo um respiro para a contemplação.

Ao escolher as fotos para o livro, Eder identificou o que chama de “ciclos de vida e de morte” no conjunto. Uma tempestade brutal se arma para pavor do rio e da barca isolada. O gado vai com obediência, talvez para a ponta da lâmina. Tem até uma figura que parece a própria morte, mas é um trabalhador com uniforme para a lida na caldeira. Os operários erguem um espigão cheio de geometrias, o pai afetuoso carrega o filho nos ombros, a indiazinha troca um olhar cúmplice com a preguiça. O ciclo flerta com a morte mas encontra a vida pulsando de novo.

Araquém Alcântara: Fotografias (Editora TerraBrasil) tem 196 páginas no formato de 30,5 cm x 25 cm, contendo 81 fotografias em preto e branco, impressas em papel italiano Garda Klassica 150g. O preço de capa é R$ 120,00 (no lançamento, será vendido a R$ 100,00).

TerraBrasil

A obra ganha uma nova edição totalmente renovada. Trata-se do maior best-seller da área de fotografia no Brasil, com impressionantes 82 mil exemplares vendidos em 11 edições, desde o lançamento original em 1998. Primeiro registro visual de todos os parques nacionais brasileiros, logo se tornou referência entre fotógrafos, ambientalistas e viajantes.

É fruto de um ousado e inédito projeto, para o qual Araquém viajou por 300 mil km e produziu mais de 30 mil imagens de todos os então 40 Parques Nacionais. Consumiu 11 anos em viagens – sendo seis meses ininterruptos na Amazônia – e mais três anos até que Araquém conseguisse editá-la. Sem falar nos perigos, como quando ficou sequestrado por índios caiapós menkragnotire no rio Curuá (PA), interessados em entender o que fazia ali o homem urbano e seu maquinário.

Agora, a publicação conta com papel e impressão de alta qualidade e 50% de fotos inéditas, ampliando a abordagem, indo além dos Parques Nacionais e abranger todos os ecossistemas do país. Do original, estão mantidas as instigantes apresentações assinadas por Carlos Moraes e Rubens Fernandes Jr. Como também a famosa capa, em que uma onça olha fixamente para a objetiva, numa postura parte hipnótica, parte aterrorizadora. Pode-se achar que o felino posa respeitosamente para a câmera, mas talvez esteja só organizando o ataque.

A nova edição, a 12ª, de TerraBrasil tem 248 páginas no formato de 28 cm x 33,5 cm, contendo 152 fotografias (cor e p&b, analógicas e digitais), impressas em papel importado Novatech brilhante. O preço de capa é R$ 149,00 (no lançamento, será vendido a R$ 120,00).

Futuro sombrio

No conjunto de sua obra, Araquém Alcântara chama para a briga. É que em quase todos os seus livros, a exuberância das paisagens chega acompanhada de denúncias – visuais ou verbais; sutis ou explícitas – sobre o mau trato com o meio ambiente. Então desde cedo na carreira, há cerca de 40 anos, seu olhar passou a enquadrar tanto o deslumbre quanto a destruição.

Hoje, o fotógrafo se diz ainda mais pessimista em relação ao que os humanos fazem à natureza. “Estou desiludido, cada vez mais. Mas continuo sendo um desiludido apaixonado”, ressalva.

Futuro próximo

Araquém já prepara outros trabalhos. Para o final de 2011, prevê um livro sobre cheiros e sabores da Amazônia, feito em parceria com o chef Alex Atala. E outro acerca de cachaças, em conjunto com o sommelier Manoel Beato e que deve incluir um curioso estudo de Gilberto Freyre sobre a bebida nacional.

Até 2013, devem ocorrer comemorações pelos 40 anos de carreira do fotógrafo. Há projetos de uma exposição e de novas publicações. Araquém tem vontade de produzir uma trilogia sobre o Brasil contemporâneo, além de um estudo – “numa linha euclidiana” – sobre a terra, o homem e a extinção, tendo os rios da Amazônia como personagens-chave.

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