O choro ganha uma trincheira: surge o Movimento Sincopado

Teatro Coletivo promove, nesta quinta, show de lançamento de coletivo de chorões

Por: Catraca Livre
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Choro paulista ganha um coletivo para valorizar e divulgar novos talentos do gênero

Os jovens chorões de São Paulo resolveram agir. Ao invés de ficarem esperando a boa vontade de produtores, agitadores culturais e empresários do mercado fonográfico e radiofônico para promover os novos representantes do choro, uniram-se, criando o Movimento Sincopado.

Trata-se de um coletivo, de 13 grupos e artistas, que almeja fortalecer o ritmo, revelando talentos e marcando posição no atual cenário musical paulista e brasileiro. Nesta quinta-feira, 14, às 20h, o Teatro Coletivo promove a abertura oficial do Movimento, numa grande celebração da música brasileira.

Na pauta de atuações do coletivo está a busca por espaço para apresentações, pesquisas e atividades educacionais (como workshop em escolas e bibliotecas). O objetivo maior, que norteia as ações do Movimento Sincopado, é dar visibilidade ao chorão, buscar espaço para que ele atue e siga compondo e tocando, altaneiro, sem ser obscurecido por pseudoartistas que, muitas vezes, ocupam o espaço dos verdadeiros artistas populares.

Integram o Movimento os seguintes grupos (e artistas): Bora Barão, André Parisi e conjunto Língua BRasileira, Coisa da Antiga, Grupo Regional Sarravulho, Choro da Casa, Márcio Modesto, Allan Abbadia, Marcel Martins e conjunto, Camundongos, Central do Choro, Projeto Ressoa, Da Do e Quartetonia.

Além da apresentação inaugural no Teatro Coletivo, o coletivo promove, aos domingos, a Roda do Sincopado, no Parque da Água Branca. De julho à novembro, outras apresentações gratuitas estão agendadas para o Museu da Casa Brasileira.

Para completar, a Rádio Trianon AM (740 AM), apresenta, às sextas, das 14h30 às 15h, o programa “O Brasil tá na moda”, com rodas de choro ao vivo, apresentado por Assis Ângelo.

Mas quem são estes chorões?

O trombone de Allan Abbadia

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Allan e seu trombone

Allan Abbadia iniciou os estudos de trombone há quase 10 anos. Despontou para o cenário do choro ao atuar na Orquestra de Samba-Choro de São Mateus. Ao longo dos últimos anos, acompanhou diversos chorões e sambistas do quilate de Roberto Silva, Dona Ivone Lara, Wilson das Neves, entre outros.

Atualmente, além de acompanhar a sambista Adriana Moreira em suas apresentações, toca com o conjunto Choro na Casa e desenvolve pesquisas sobre a linguagem trombonística dentro do choro, tanto no que diz respeito à arranjos quanto aos solos e fraseados de acompanhamento.

Com o Movimento Sincopados, batalha pelo ritmo que ama. “Sou chorão, essa é a minha correria, minha luta constante. Precisamos ajudar os chorões a trabalhar, temos que marcar presença, bater de frente com a música boa”, avalia.

Para ele,  o atual cenário é promissor. “Tem muita gente nova, na faixa dos 20 anos, compondo e tocando bem. É um triunfo”. Com a batalha encabeçada pelo coletivo recém-surgido, pensa que dias melhores virão: “Daqui a 10 anos, o choro vai estar melhor ainda, ele está numa crescente”.

Toda esta luta, porém, depende da veradeira força que move estes músicos. “Sem amor, não vai. Por mais que role dinheiro e trabalho”, garante.

O violão de Samuel Silva

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Samuel e seu violão

Samuel Silva pratica o violão de 7 cordas. Sua escola, assim como Allan Abbadia, foi a Orquestra de Samba-Choro de São Mateus. Também atuou nas rodas de choro promovidas pelo Samba da Vela. Atualmente, toca no Bar do Cidão, reduto de choro da Vila Madalena.

“Os grupos de choro não têm espaço, não têm divulgação… O Movimento Sincopados surge pra organizar e fortalecer este cenário em São Paulo”, diz o violonista.

A semente está plantada. “Esperamos que novos chorões possam dar continuidade a este movimento no futuro”, clama Samuel.