Obra de Oswald de Andrade é saboreada em banquete literário

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Oswald retratado por Tarsila do Amaral

Alguns meses antes da comemoração dos noventa anos da Semana de 22, a 9a. Edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), realizada no início deste mês, fez homenagem ao poeta modernista Oswald de Andrade.

Na noite de abertura da Flip, o escritor Antonio Cândido mostrou que a personalidade sarcástica e polemista de Oswald sempre concentrou mais atenção do que a sua obra literária. Figura central do Modernismo Brasileiro ao lado de Mario Andrade, ele devorou o mundo em Manifesto Antropofágico, influenciou o Tropicalismo, integrou o partido Comunista, defendeu a sociedade Matriarcal, e como disse Antonio Cândido “brigou e desbrigou com muita gente”.

Agora, a obra completa de Oswald é relançada, e, segundo a escritora Márcia Camargos “ já pode ser devorada em banquete”. Pouca gente sabe que, além dos poemas, romances e manifestos, Oswald tem uma vasta produção jornalística de ensaios e artigos ricos em personalidade oswaldiana. Em entrevista ao Catraca Livre, Manuel da Costa Pinto, curador da Flip, recomendou um guia de leitura para quem quer começar conhecer Oswald de Andrade:

“O livro ‘Por que ler Oswald de Andrade’, de Maria Augusta Fonseca, recém lançado pela editora Globo, é uma pesquisa profunda, com trechos de obras comentados, poemas, romances e reproduções dos manifestos, além de uma excelente biografia de Oswald”.

Para quem se animar para um mergulho mais profundo na obra de Oswald, o curador recomenda o Manifesto Antropófago, e Memórias sentimentais de João Miramar.

Já para quem quiser compreender o bom humor e as posturas polêmicas e irreverentes de Oswald, o livro “Os Dentes do Dragão”, citado por José Miguel Wisnik na abertura da Flip, é uma coletânea de entrevistas de Oswald, concedidas entre 1942 e 1954 sobre variados assuntos em diferentes fases de sua vida.

Raridade: Diário Coletivo da garçoniére de Oswald de Andrade é relançado

“O perfeito cozinheiro das almas deste mundo”, de Oswald de Andrade, é uma produção coletiva, resultado de encontros etílicos e culturais do escritor seus amigos em 1918, em um apartamento na Rua Líbero

Bardaró, no centro de São Paulo, apelidado de a garconniere. O livro, publicado em 1987, é uma coleção de pequenas cartas, desenhos, poemas e recados registrados em um caderno por personagens como Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia e Mario de Andrade. Para Manuel da Costa Pinto, curador da Flip, esse espaço foi “um verdadeiro laboratório do modernismo”.

Assista ao VideoDocumentário sobre o livro, com depoimentos de Marília de Andrade, filha de Oswald, Marisa Moreira Salles e Jorge Schwartz, que participaram da primeira edição do livro, em 1987:

http://vimeo.com/26084537