Nos 10 segundos iniciais da primeira música do novo disco “Cavalo” de Rodrigo Amarante – intitulada “Maná” – vem o pensamento de que tudo aquilo é Brasil. Primeiro pelo samba tímido no violão, depois pelo chacoalho improvisado em qualquer bisnaga de maionese e, por fim, pelo batuque caseiro do prato polido – acompanhado da velha cuíca.

Mas logo vem o baixo para provar que Amarante não quis dizer nada disso. E grita, de pulmão cheio: “êêêêêêê maná”. O ex-hermano está de volta. Traz consigo todo o calor que já sentiu dentro de um país tropical, mas também não se esquece de todo o frio que passou em terrenos distantes – longe do conforto da sua casa, da sua língua e da sua sonoridade.

Agora resta aguardar, silenciosamente, pelo barulho que vai fazer as outras faixas do disco. Mas antes que arrisquemos qualquer palpite, o artista que mora em Rodrigo avisa: “Hoje o ponto é pra cura de amor. Hoje a dança te quebra o feitiço”. Hora do play.