Siba: ciranda, rock, maracatu e cinema

12/01/2012 15:20 / Atualizado em 18/02/2016 17:14

Qual é a distância entre o maracatu e o rock? Não fosse pelo gonguê, alfaias, tarol e ganzá em contraste com a guitarra, a bateria e o baixo, os dois seriam idênticos. Ainda não. Maracatu é música popular pernambucana afro-brasileira. Rock é música industrial estadunidense da década de 1950.

Siba, o mestre cirandeiro, ignorou as diferenças sonoras, desatou o nó das entranhas, esticou a musculatura, costurou aqui, amarrou ali e foi “Avante!”. No mínimo, nascia o primeiro projeto solo do pernambucano que você ouve aqui. No máximo, causaria um estrondo sônico capaz de dividir, em duas porções iguais, a mistura que gostaríamos de engolir e aquela outra que nunca pensamos em provar.

Provado e aprovado, o rabequeiro-violeiro-cantador tirou o pó da guitarra encostada e fez rock do jeito que bem o entendeu. Vinte anos antes, tinha desistido do estilo e de São Paulo e foi parar em Nazaré da Mata, para viver de loas e toadas do maracatu.

Criou a banda Fuloresta e, ao lado da guitarra de Fernando Catatau, do tarol de Biu Roque, do bombo de Antônio, da póica de Zeca, do trombone de Roberto Manoel e do sax tenor de João Minuto, gravou o disco-poesia “Toda Vez Que Eu Dou Um Passo, O Mundo Sai do Lugar” que você ouve aqui.

Vestindo a rabeca, uniu-se a viola de Roberto Corrêa e representou a renovação técnica e estética de seus instrumentos no projeto “Violas de Bronze”, que você ouve aqui. Em plena década de 2010, o disco traz expressões da música dos tempos coloniais.

Avante, Siba! Esgotado e esgotando todas as fontes e formas de música, o criador do grupo Mestre Ambrósio e de todos os feitos que esse texto contou aposta agora em cinema. Com lançamento previsto para 2012, “Siba nos balés da tormenta” documenta o desenho do som do novo disco de Siba Veloso, estabelecendo as relações com seus trabalhos anteriores e com diversos ritmos tradicionais do estado de Pernambuco. De repente, o berço do maracatu vira rock com ciranda e agora, passa a pertencer ao mundo todo.

Confira a versão curta do documentário “Siba nos balés da tormenta”:

“Siba – Nos Balés da Tormenta” from DobleChapa on Vimeo.