Watson: o médico do futuro é um computador?
No dia 8 de fevereiro deste ano a IBM anunciou sua intenção de adaptar o Watson, um computador criado para armazenar e correlacionar dados, para utilização na área da saúde. O projeto seria uma parceria com o Memorial Sloan-Kettering Cancer Centre e a Wellpoint, uma empresa de saúde, que planeja adaptar o sistema para os oncologistas, e já começou a realizar testes em duas clínicas.
Tudo começou há dois anos quando a IBM bateu dois campeões mundiais (humanos) em “Jeopardy”, um quis americano de conhecimentos gerais, com um computador, o Watson. Os computadores já vinham tendo desempenho notável desde 1997, quando o Deep Blue (outro computador) venceu o atual campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov.
Mas a grande diferença é que o Jeopardy depende da capacidade de correlacionar um grande volume de informações de conhecimento geral. Essa aptidão torna a máquina hábil a desempenhar outras funções e responder perguntas complexas em campos variados.
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Medicina do futuro
A ideia é utilizar o equipamento como uma espécie de cérebro artificial que ajudaria os médicos no atendimento, utilizando-se de toda a literatura médica, cruzando dados e correlacionando conhecimento. A grande novidade do Watson é que ele extrai sentido de grandes quantidades de dados, que os cientistas chamam de ‘não estruturados’.
A experiência do “Jeopardy” permitiu que a partir de dicionários, arquivos de artigos de jornais, bancos de dados lexicais de Inglês e de toda a Wikipédia, o Watson fosse capaz de extrair relações entre conceitos e se tornasse hábil o suficiente com metáforas ou trocadilhos, lidando com pistas elípticas do show. É esta capacidade de processar e interpretar informações à maneira humana que chamou a atenção da IBM para a possibilidade de utilizar a tecnologia na medicina.
Máquinas x Seres Humanos
O volume de pesquisa médica é enorme e crescente. De acordo com uma estimativa, para acompanhar atualizações e pesquisas, um médico teria que dedicar 160 horas por semana folheando jornais e revistas científicas, o que deixaria apenas oito horas para o sono, trabalho e tudo o mais que uma vida saudável e comum implica. Ou seja, impossível. Mas o Watson não precisa dormir nunca.
O objetivo, portanto não é que a máquina substitua o humano no exercício da medicina, mas sim que seja uma ferramenta a mais de diagnóstico e escolha de tratamentos. O Watson sugeriria, por exemplo, um ranking de tratamentos possíveis para uma determinada doença de acordo com a eficácia e poderia até indicar uma pesquisa específica onde um determinado paciente poderia ser inserido, otimizando e melhorando o trabalho de atendimento e pesquisa científica.