Brumadinho, Flamengo e Boate Kiss é o pior do que somos
O Globo descobriu um detalhe em comum entre dois incêndios: CT do Flamengo e Boate Kiss.
Em 2013, incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, matou 242 pessoas; 700 ficaram feridos.
Detalhe: comum é poliuterano.
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O tipo de material utilizado na construção do alojamento da divisão de base do Ninho do Urubu pode ter acelerado a propagação do incêndio que matou dez atletas e deixou outros três feridos na madrugada de sexta-feira. Os primeiros levantamentos da perícia revelaram que pelo menos um dos corpos carbonizados tinha odor forte de solvente que pode indicar a presença de material altamente inflamável no alojamento onde estavam os jovens. De acordo com o RJTV, fontes relataram que encontraram espuma no local do incêndio.
Segundo o site da empresa NHJ do Brasil, fabricante dos contêineres utilizados no CT, os módulos habitáveis são compostos por painéis termo-acústicos preenchidos com poliuretano (espuma) revestidos dos dois lados e chapas de aço formando um sanduíche.
O que há mesmo em comum entre essas tragédias – incluindo Brumadinho – é o “Brasil do Quero Que de Foda”.
Já sabemos que a tragédia de Brumadinho poderia ter sido evitada.
O Brasil da falta de responsabilidade.
Todos sabemos que, no Rio, o período da chuva é associado a tragédia.
Veja esse título da matéria do O Globo:
Verbas públicas para comunidades do Rio caem 69% entre 2013 e 2018
Editorial hoje da Folha sobre segurança das obras públicas,
Os dois episódios não deixam dúvidas sobre a situação crítica de estruturas do gênero na capital paulista, ameaçadas por problemas que deveriam ter sido verificados e corrigidos pelo poder público.
O lapso de manutenção mostrou-se patente em relatório elaborado por técnicos municipais, que apontaram “risco iminente de colapso” em seis edificações —entre as quais as pontes Cidade Jardim, Cidade Universitária e Eusébio Matoso, sobre o rio Pinheiros, atravessadas por até 10 mil veículos por hora no horário de pico.
Outros dez viadutos e pontes, além dos citados no documento, estariam em condições igualmente periclitantes e, segundo especialistas da prefeitura paulistana, precisam de vistoria urgente.
Após a divulgação do relatório, a Secretaria de Obras da gestão Bruno Covas (PSDB) procurou minimizar o caráter alarmante da situação, afirmando que a dimensão do risco seria ainda imprecisa.
Laudos individuais corroboram, contudo, o quadro de precariedade e abandono que ameaça a população.
Volto a repetir: o Brasil do jeitinho não tem jeito.