Dimenstein: a melhor coisa que fiz quando descobri um câncer

Fiz o exame --uma ressonância magnética-- e não voltei para casa por duas semanas

 

Neste mês, recebi a notícia que imaginamos que apenas as outras pessoas recebem: o médico me diagnosticou um câncer.

Não sentia nada: o tumor foi descoberto num exame de rotina.

Fiz o exame –uma ressonância magnética– e não voltei para casa por duas semanas.

Fiquei direto no Sírio-Libanês.

Graças ao diagnóstico precoce e à rapidez da cirurgia, agora estou curado –embora tenha que permanecer por muito tempo atento.

Impossível não pensar como sou um privilegiado: um bom plano de saúde e acesso aos melhores médicos.

Daí surgiu a melhor coisa que fiz para lidar com essa sensação de ser um privilegiado. E agradecer.

Ajudei a criar, ali mesmo no hospital, uma campanha de comunicação para que mais pessoas pudessem ter um acolhimento precoce.

E tudo por R$ 1,00. Isso mesmo, muito menos que um cafezinho.

Uma das mais criativas agências de publicidade –AMPFY– colocou suas melhores cabeças gratuitamente para entrar nesse desafio e disseminar esse projeto.

Existe uma entidade de médicos que oferecem consultas gratuitas para entidades sociais, facilitando exames.

Chama-se Horas da Vida.

Eles cuidam das crianças e jovens das entidades, além de seus familiares, numa ação preventiva e educativa.

Acompanho o magnífico efeito desse trabalho porque eles atuam na Orquestra Sinfônica Heliópolis, da qual sou presidente do conselho.

Apenas diagnosticar um problema de visão, por exemplo, já faz toda a diferença para quem tem de ler a pauta musical.

Daí surgiu esse projeto, em que se pode doar R$ 1 real para ampliar a estrutura do Horas da Vida e ajudá-lo a atender mais entidades.

Esse foi meu jeito de agradecer a cura.

Nesses momentos é que vemos maravilhosas cenas. Um dos meus médicos –Cesar Camara– gostou tanto da ideia que decidiu bancar do próprio bolso um ano inteiro de apoio para a Orquestra Sinfônica Heliópolis.