Dimenstein: estou arrependido de ter defendido tanto Sérgio Moro
Sempre defendi Sérgio Moro pelo seu trabalho à frente da Lava Jato. Se alguém tiver dúvidas, procure no Google.
Peço desculpas aos leitores por ter ajudado a criar uma imagem heroica de alguém que não a merecia.
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Cheguei até a minimizar internamente (confesso e peço desculpas) quando foi revelado seu indigno auxílio-moradia: ganha R$ 4 mil embora tenha casa na mesma cidade onde trabalha. Esclareço que a Catraca Livre não deixou de noticiar – afinal, fizemos e continuamos fazendo campanha contra essa indignidade.
Nunca aceitei as acusações – e continuo não aceitando – que Sérgio Moro estivesse atuando para ajudar esse ou aquele candidato.
Confesso aqui (mais uma confissão) um preconceito. Por dois anos desenvolvi projetos sociais em Harvard, onde Moro estudou. E sempre tendo a olhar com um certo ar de simpatia quem conseguiu sobreviver lá entre os melhores alunos do mundo. A Escola de Direito de Harvard é marcada pelo liberalismo e posições progressistas, sempre alinhada com as causas de direitos. Digo isso porque meus projetos eram realizados em parceria com 5 escolas de Harvard – uma delas a de Direito.
A Lavo Jato é um marco no combate à impunidade no Brasil, ao colocar peixes graúdos na cadeia: de Lula, passando por Marcelo Odebrecht, até Eduardo Cunha.
Diria até que a corrupção no Brasil é antes e depois de Sérgio Moro e da Lava Jato.
Nunca comprei o slogan de que eleição sem Lula é fraude. Pelo contrário: sempre defendi que eleição com Lula, isso sim, seria fraude, já que estaria pisoteando a Lei da Ficha Limpa.
Mas deixei de ser fã de Moro – e sou obrigado a suspeitar de coisas que eu não suspeitava.
Deixei porque o considerava um dos poucos homens públicos que colocavam o interesse da nação acima do interesse pessoal. Coisa rara.
O general Mourão disse abertamente, em público, que ainda durante a campanha Moro tinha sido sondado para ser ministro. Lembremos que, na véspera do primeiro turno, ele liberou trechos da deleção premiada de Palocci.
O que importa agora é o seguinte: o juiz arranhou a Lava Jato, dando de bandeja a desculpa que o PT e Lula sonhavam.
Não é possível que ele não imaginou que isso iria acontecer.
Em essência, ele colocou a vaidade na frente de sua inteligência.
Agora é torcer para que Moro, à frente do Ministério da Justiça, tenha mostrado que valeu a pena colocar sua vaidade acima da inteligência.