Dimenstein: Joice é vítima de machismo de Eduardo Bolsonaro

07/12/2018 16:09 / Atualizado em 18/12/2018 18:21

Os ataques Eduardo Bolsonaro contra Joice Hasselmann tem uma indisfarçável carga de machismo.
Basta analisar a troca de críticas entre os dois deputados devido à disputa pela liderança na câmara.
“Joice, sua fama já não é das melhores. A continuar assim vai chegar com fama ainda maior de louca no Congresso. Favor não confundir humildade com subordinação. Liderança é algo automático, não imposto”, disse Eduardo Bolsonaro

Joice rebateu:

“Qual é o problema em eu ou qualquer outro deputado querer disputar a liderança??? O fato de termos um deputado que também é filho do nosso presidente (por quem trabalharei todos os dias) não nos exclui. Isso é democracia. Você é dentro do partido um parlamentar que fez votação estrondosa com o sobrenome que tem. Eu também fiz, sem sobrenome. Se quisermos ter 52 candidaturas podemos ter e decidimos no voto e no debate, não por recadinhos infantis via Twitter. Cresça”.

Joice Hasselmann é uma mulher assertiva, “Quero ser o Bolsonaro de saias”, chegou.

Na visão machista, assertividade em excesso não combinaria com a “alma feminina”, daí ser classificada de “loucura”.

Excesso de assertividade entre homens é visto como sinal de firmeza, de ousadia e de coragem.
Não é o primeiro embate polêmico é de Eduardo com uma mulher – o caso, aliás, acabou no Supremo Tribunal Federal, por causa de Patrícia Lellis ( foto), que diz ter um relacionamento íntimo com o deputado.

Os dois voltaram a se desentender por causa de um discurso de Eduardo na avenida Paulista.

Patrícia Lélis, que afirma ter tido um relacionamento com Eduardo
Patrícia Lélis, que afirma ter tido um relacionamento com Eduardo - Mari Rosa

Naquele  discurso,  o deputado Eduardo Bolsonaro disse que “as mulheres de direita são mais bonitas que as da esquerda”. “Elas não mostram os peitos e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene”, afirmou.

Ao saber desses ataques, Eduardo recebeu, pelas redes sociais, uma resposta provocativa da jornalista Patrícia Lélis.

“Em discurso na avenida Paulista, em São Paulo, Eduardo Bolsonaro disse que ‘as mulheres de direita são mais bonitas que as da esquerda, elas não mostram os peitos e nem defecam nas ruas, elas são depilada, as mulheres de direita têm mais higiene’ e como se não bastasse, ele ainda afirmou que as mulheres de esquerda não merecem respeito. Eduardo, as mulheres devem ser respeitadas independentes de suas posições políticas, independente se são adeptas da depilação ou não, as mulheres devem ser respeitadas além de seus corpos, e é uma pena que apenas uma partes das mulheres consigam enxergar o quanto seu discurso é machista, opressor, misógino e elitista. Eu conheci você de perto, sei o quanto você é desrespeitoso e trata as mulheres como objeto e entende a nós padronizar, sei também que é fácil se esconder atrás deste discurso esteriotipado, pois bem, eu estou aqui hoje, totalmente depilada para dizer #EleNão #OsFilhosTambémNão”

Em abril deste ano, a jornalista voltou à Justiça, dessa vez, contra Eduardo Bolsonaro, por, segundo ela, ofendê-la e ameaçá-la em mensagens trocadas em um aplicativo.

Na época, ela apresentou como prova conversas pelo aplicativo Telegram em que o parlamentar desfere uma série de ofensas e ameças depois de um conflito ocorrido nas redes sociais. “Sua otária. Quem você pensa que é? Se falar mais alguma coisa, eu acabo com sua vida”, escreveu.

Questionado por ela sobre o tom da ameaça, o deputado retrucou: “Entenda como quiser. Depois reclama que apanho [sic]. Você merece mesmo. Abusada. Tinha que ter apanhado mais para aprender a ficar calada. Mais uma palavra e eu acabo com você. Acabo mais ainda com a sua vida”.

Ao ser informado que a conversa estava sendo gravada, Bolsonaro desdenhou da jornalista, afirmando que ninguém acreditaria na sua versão. Em seguida, voltou a ameaçá-la. “Vai par o inferno. Puta. Você vai se arrepender de ter nascido. O aviso está dado. Mais uma palavra, e eu vou pessoalmente atrás de você. Num pode me envergonhar, vagabunda”. Quando disse que recorreria à Justiça, mais uma vez foi subestimada: “Enfia a Justiça no seu cú”.

Intimado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a se manifestar sobre o caso, o deputado sequer solicitou advogado para sua defesa. Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo”, na última quarta-feira, 26, o ministro Luís Barroso determinou que Eduardo Bolsonaro se apresente pessoalmente.

Deputado desqualifica acusação de jornalista 

Após a denúncia, em um vídeo publicado no dia 13 de abril,  Eduardo Bolsonaro afirmou que a jornalista mentia e a desqualificou, citando caso envolvendo o deputado Pastor Marco Feliciano (Pode-SP). “Essa moça, Patrícia Lélis, já deveria ter sido interditada. Se a procuradora Raquel Dodge tivesse o mínimo de zelo, veria esses fatos, porque não é de difícil elucidação. Basta dar um Google e você vai ver os diversos casos de mentira”.