Dimenstein: sou radicalmente contra a prisão de Danilo Gentili
Sou contra – aliás, radicalmente contra – a prisão de Danilo Gentili.
Ele foi condenado a seis meses e 28 dias de prisão em regime semiaberto por injúria à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) – mas pode recorrer da sentença em liberdade.
Sinceramente, acho que cadeia é uma punição desproporcional ao tamanho do crime.
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De resto, vai custar dinheiro público: mesmo que em regime semi-aberto.
Se eu fosse juiz, tomaria uma decisão que faria bem para ele e ao país: prestação de serviço comunitário.
Com seu inegável talento, Gentili poderia ajudar a comunicação de alguma entidade de defesa de direitos humanos, atuando a favor de mulheres, negros, LGBts ou pessoas com deficiência.
Todos sairiam ganhando.
Quando eu morava em Brasilia, os filhos de papai-autoridade costumavam fazer racha nas ruas com seus automóveis. Um juiz, como pena alternativa, fazia com que eles trabalhassem no pronto-socorro de um hospital na área de traumatologia.
Gentili foi condenado por, em 2016, publicar uma série de tuítes chamando a deputada de “falsa”, “cínica” e “nojenta”. Quando recebeu a notificação extrajudicial pedindo que apagasse as mensagens, o humorista gravou um vídeo rasgando o documento e o colocando dentro das calças.
A defesa de Gentili afirmou, no processo, que as publicações eram apenas humorísticas, mas a justificativa não foi aceita pela juíza federal Maria Isabel do Prado. “Se a intenção do acusado não fosse a de ofender, achincalhar, humilhar, ao ser notificado pela Câmara dos Deputados, a qual lhe pediu apenas que retirasse a ofensa de sua conta do Twitter, o acusado poderia simplesmente ter discordado ou ter buscado a orientação jurídica de advogados para acionar pelo que entendesse ser seu direito”, disse a magistrada. “Não contente com a injúria propalada, resolveu gravar um vídeo com conteúdo altamente ofensivo e reprovável, deixando muito clara a sua intenção de ofender”.