Folha bate em Bolsonaro por estimular o conflito e ódios

27/03/2019 06:16 / Atualizado em 11/09/2019 11:58

Em editorial, a Folha criticou a decisão de Jair Bolsonaro de propor a celebração do golpe militar de 1964, responsável pela implantação da ditadura no Brasil.
Bolsonaro, lembrou o jornal, já fez vários elogios a um conhecido torturador: Carlos Brilhante Ustra.

Parece evidente sua inclinação a atiçar setores mais extremados da opinião pública, que estiveram entre os primeiros apoiadores de sua candidatura presidencial. Com isso, estimula a polarização e o conflito, quando deveria estar empenhado em acalmar os ânimos.

Aviva-se artificialmente um debate que deveria estar, se não superado, sendo ao menos conduzido em termos mais racionais. Desde o golpe, toda a sociedade passou por um penoso processo de amadurecimento e aprendizado, que felizmente levou ao período de liberdades democráticas mais duradouro da história nacional.

A pancada maior veio do Ministério Público Federal.

A sugestão de Jair Bolsonaro de comemorar o golpe militar de 1964 gerou uma dura resposta do Ministério Público Federal.
Na resposta, uma ameaça de processo.


“O golpe de Estado de 1964, sem nenhuma possibilidade de dúvida ou de revisionismo histórico, foi um rompimento violento e antidemocrático da ordem constitucional. Se repetida nos tempos atuais, a conduta das forças militares e civis que promoveram o golpe seria caracterizada como o crime inafiançável e imprescritível de atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (…)”, diz trecho da nota.

E aqui vai ameaça judicial

“(…) é importante enfatizar que, se fossem cometidos atualmente, receberiam grave reprimenda judicial, inclusive por parte do Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma em 1998 e ratificado pelo Brasil em 2002 (…), diz o MPF.