Dimenstein: Marielle vale menos do que as vítimas de Battisti

Não vou entrar no debate jurídico se Cesare Battista deveria ou não ser extraditado para a Itália.

Suponhamos que sim: ele cometeu assassinatos, foi condenado na Justiça em seu país – uma democracia – e tem que pagar pelos seus crimes.

O que me incomoda são dois pesos, duas medidas.

Cesare Battista cometeu seus crime nas década de 70 – e matou italianos.

Mas muita gente está mais sensível ao que esse terrorista matou há 5o anos em outra país do que o assassinato, no ano passado, da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.

Chegaram aqui a comemorar quando se destruiu uma placa em homenagem a Marielle, num ato defendido pela família Bolsonaro que, por várias vezes, elogiou as milícias.

Para mim, Marielle foi vítima de um ataque terrorista assim como aqueles italianos há 50 anos.

A diferença é que ela é brasileira e foi morta no ano passado, sem que saiba quem a matou.