Números provam perigo da decisão de Bolsonaro para posse de arma

Esse é o texto mais importante para ler sobre o decreto de Jair Bolsonaro assinado hoje flexibilizando a posse de arma.
Foi escrito por Thiago Amâncio, da Folha.
Mostra que, depois do Estatuto do Desarmamento em 2004, o ritmo de crescimento de homicídios desacelerou no Brasil.

“Entre 1996, primeiro ano da série histórica do Datasus, sistema de dados sobre saúde, e 2003, ano em que foi publicado o Estatuto do Desarmamento, a média de crescimento anual da taxa de mortes por agressão (que leva em conta o tamanho da população) foi de 2,22% ao ano.
De 2004 em diante, após a restrição do acesso às armas, a média de crescimento anual foi para 0,29% —uma queda de 87%, portanto.
Estudos científicos apontam uma correlação entre os dois fatores. Um estudo do Ipea coordenado pelos pesquisadores Daniel Cerqueira e João Manoel de Pinho Mello aponta que o Estatuto do Desarmamento poupou pelo menos 2.000 mortes entre 2004 e 2007 só nos municípios paulistas. A análise mostra que, nos municípios onde houve mais apreensões de armas depois do estatuto, houve queda proporcional no número de assassinatos —impacto que não ocorreu em crimes violentos que não envolviam armas.
Apesar de, na média, o crescimento ter ficado em 0,29% depois do Estatuto do Desarmamento, a taxa variou consideravelmente ano a ano, com aumento expressivo a partir de 2012.
De 2004 em diante, após a restrição do acesso às armas, a média de crescimento anual foi para 0,29% —uma queda de 87%, portanto.