O golpe que está triturando Jair Bolsonaro nas redes sociais
Foi uma das ideias mais desgastantes para Jair Bolsonaro: pedir a celebração do golpe militar de 1964, quando se implantou no Brasil uma ditadura.
Virou um dos mais golpes de Bolsonaro nas redes sociais: afinal, juntou contra ele Danilo Gentili, Janaína Paschoal e Lobão.
Quem tentou defender foi a deputada Joice Hasselmann, que acabou numa situação difícil.
Lembraram seus posts antigos atacando o regime militar.
O debate trouxe de volta frases de Bolsonaro sobre tortura e direitos humanos, espalhando pelas redes sociais.
Acabou na Justiça.
A juíza federal Irani Silva da Luz estipulou: Bolsonaro tem 5 dias para responder sobre ação que tenta proibir quartéis de celebrar o aniversário de 55 anos do golpe de 1964.
O processo partiu da Defensoria Pública da União.
A intenção: obrigar as unidades militares a se absterem de celebrar o golpe de 1964.
O Ministério Público Federal também reagiu – e com uma ameaça de processo.
“O golpe de Estado de 1964, sem nenhuma possibilidade de dúvida ou de revisionismo histórico, foi um rompimento violento e antidemocrático da ordem constitucional. Se repetida nos tempos atuais, a conduta das forças militares e civis que promoveram o golpe seria caracterizada como o crime inafiançável e imprescritível de atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (…)”, diz trecho da nota.
E aqui vai ameaça judicial
“(…) é importante enfatizar que, se fossem cometidos atualmente, receberiam grave reprimenda judicial, inclusive por parte do Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma em 1998 e ratificado pelo Brasil em 2002 (…), diz o MPF.
A celebração do golpe militar conseguiu fazer com que Jair Bolsonaro apanhassem de três simpatizantes: Danilo Gentili, Lobão e Janaína Paschoal.
No Twitter, Danilo Gentili dissemina o seguinte post:
Para que minhas posições, por vezes conservadoras, não sejam jamais mal compreendidas, faço questão de afirmar que ditadura militar no Brasil, como toda ditadura, foi abjeta e criminosa. Não adianta nada ficar revoltadinho com ditadura comunista e vir defender ditadura militar.
É um sintoma de como Bolsonaro ainda insiste em governar apenas para um nicho nas redes sociais – e se esquece de que é o presidente de todo o Brasil.
Sua fórmula serviu para ganhar eleição.
Mas é um fracasso para governar.
Ele consegue aumentar os problemas. Ou criar novos problemas.
É como o candidato não soubesse exercer outro papel: afinal, papel do presidente é reduzir conflitos.
Janaína:
“A derrota que o Governo teve no Congresso, ontem, é perigosíssima! Não é possível que o Presidente não perceba que não dá para governar com a cabeça em 64! Podem atacar, podem xingar, podem dizer que estou criticando o Presidente, etc, etc, etc….”
Lobão:
“Eu vivi e lembro perfeitamente como foi antes, durante e depois de 1964. Nós temos que perceber que o regime de 64, seja ele ditatorial ou não, era um regime autoritário. E isso já é uma merda. Nós tivemos 23 anos de uma censura estúpida, que deixaram vazar a maior parte das informações que eles não queriam. Por exemplo, eu tinha uma música sobre triângulo amoroso que foi censurada por atentado ao pudor. Música super ingênua, sabe?! Pô, eu era parado na rua, blitz o tempo todo, e eu nunca fui comunista”, relatou o músico.