Por que as milícias são as maiores ameaças à família Bolsonaro

22/02/2019 13:48 / Atualizado em 11/09/2019 11:54

Nada ameaça tanto a imagem da família Bolsonaro como as milícias.

Como se sabe, as milícias são grupos hoje associados à corrupção, tráfico de drogas, extorsão e assassinatos.

Inclusive o assassinato da vereadora Marielle Franco.

A cada dia surgem mais denúncias sobre as milícias

E mais denúncias sobre sobre as conexões desses grupos com os Bolsonaros.

A partir de uma reportagem da IstoÉ, misturam-se quatro elementos explosivos: os desvios nas contas do ex-motorista Fabrício Queiroz, os candidatos laranjas, as milícias e a família Bolsonaro.

Tudo se resume nessa foto abaixo.

É a pior foto da família Bolsonaro – e é natural que esteja viralizando.

Dois rostos são conhecidos: Jair e Flávio Bolsonaro.

Três serão conhecidos (muito conhecidos) agora.

Os gêmeos são Alex e Alan Oliveira.

Ambos estão presos por envolvimento nas milícias.

A mulher do meio é irmã deles: Valdenice Oliveira Meliga.

Entende-se por que é a pior foto quando se lê a reportagem divulgada hoje pela revista IstoÉ.

Reportagem de Wilson Lima revela que Valdenice de Oliveira Meliga, irmã dos milicianos presos, assinava os cheques da campanha de Flávio Bolsonaro ao Senado.

Na esteira da investigação, a revista estabeleceu também uma ligação com candidaturas laranjas do PSL.

Trecho da reportagem da IstoÉ.

Quando foi desencadeada a operação “Quarto Elemento”, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Ministério Público do Rio de Janeiro, já era sabido que dois dos milicianos presos, os gêmeos Alan e Alex Rodrigues Oliveira, eram irmãos de Valdenice de Oliveira Meliga, e que ela era lotada no gabinete do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
O que não se sabia — e ISTOÉ revela nesta reportagem – é que Valdenice, a Val Meliga, era tão merecedora da confiança de Flávio que ele entregou a ela a responsabilidade pelas contas da sua campanha ao Senado. Val Meliga, irmã dos milicianos, assinou cheques de despesas da campanha em nome de Flávio. ISTOÉ obteve dois cheques: um de R$ 3,5 mil e outro no valor de R$ 5 mil.
Dona de uma empresa de eventos, a Me Liga Produções e Eventos, Val era uma das pessoas a quem ele deu procuração, conforme documento enviado à Justiça Eleitoral, para cumprir a tarefa.

O problema fica mais grave quando as peças em torno de Val levam também a conexões com laranjas no Rio.
Um dos cheques de Val vai para a empresa Alê Soluções e Eventos Ltda, que pertence a Alessandra Cristina Ferreira de Oliveira.

IstoÉ conecta:

O pagamento é referente ao serviço de contabilidade das contas de Flávio Bolsonaro. Ocorre, porém, que Alessandra era também funcionária do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa, com um salário de R$ 5,1 mil.
Estava vinculada ao escritório da liderança do PSL na Alerj, exercida por Flávio. E, na época da campanha, exercia a função de primeira tesoureira do PSL. Mais do que isso, sua empresa não foi contratada para fazer somente a contabilidade de Flávio Bolsonaro.
Ela, a primeira-tesoureira do PSL, ou seja, a pessoa a quem cabia destinar os recursos, fez, por meio de sua empresa, a contabilidade de 42 campanhas eleitorais do PSL do Rio.
Ou seja: cerca de um a cada cinco postulantes a um cargo político pelo PSL do Rio deixou sua contabilidade aos serviços da Alê, empresa de Alessandra, tesoureira do partido. Assim, a responsável por entregar e distribuir os recursos do partido tinha parte do recurso de volta para as contas de uma empresa de sua responsabilidade.