Posts revelam ligação de atirador de Suzano com Jair Bolsonaro
Os posts de Guilherme Tauci, de 17 anos, não devem sugerir que Jair Bolsonaro tenha qualquer responsabilidade no massacre da escola em Suzano.
Mas deveriam fazer o presidente refletir como seu discurso beligerante influencia as pessoas, especialmente jovens perturbados psicologicamente.
Bolsonaro, como se sabe, faz campanha pelas armas.
E o símbolo de sua campanha é o sinal da arma no dedo.
Como se vê nas postagens, Guilherme é seguidores de páginas de armas.
Trecho da reportagem da Época
Outro traço constante em seu perfil é o apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Durante a campanha, Guilherme curtiu conteúdos como a mensagem “O meu candidato é apoiado pela polícia, o seu é procurado por ela”, que aparece junto a uma foto do presidente abraçado a policiais. Vários dos posts feitos na página oficial do presidente no Facebook também foram curtidos por ele. Em um, de 2018, Bolsonaro aparece comemorando o aumento da pena de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva. Em outra, aparece em uma foto com Ueli Maure, presidente da Suíça.
A admiração se estendia a outros membros da família. Além de postagens da página oficial de Eduardo Bolsonaro, o jovem também interagia com conteúdos como uma imagem em que o filho do presidente aparece segurando uma arma de alto calibre com a frase “Às vezes me pego pensando, por que o MST nunca invadiu minha propriedade?”. A postagem é da página Bolsonaro Opressor 2.0.
Sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada no ano passado, Guilherme curtiu um post da página do delegado Roberto Monteiro que diz “trate bandidos como vítimas, e um dia a vítima será você”.
O colunista Bruno Boghossian, da “Folha“, aponta que a defesa enfática da flexibilização do porte de armas tornou o presidente Jair Bolsonaro refém do discurso de campanha.
Mesmo comovido com a tragédia na escola em Suzano (SP), “o presidente levou seis horas para se manifestar. Bolsonaro acertou no tom, mas provou mais uma vez que a retórica de campanha é uma bola de ferro presa a seus pés”, escreveu.
O presidente parece ter medo da exploração política do ataque, praticado com uma arma. Por isso foi “capturado quando, como líder, deveria ter o papel de oferecer solidariedade, rumos e soluções para o país”.
“Se Bolsonaro acredita que os cidadãos devem ser livres para comprar armas de fogo, ele deve ter a coragem de debater o assunto racionalmente, com dados concretos e exposto ao contraditório”.