Terça Livre espalha que Estadão pode pedir recuperação judicial
Acusado em reportagens do Estadão de ser um dos líderes das milícias digitais ligadas a Jair Bolsonaro, o jornalista Allan dos Santos, editor do site Terça Livre, começou a espalhar notícias sobre uma suposta crise financeira daquele jornal.
O Estadão poderia, em breve, seguir o caminho da Abril e pedir recuperação judicial.
Ou seja, não pagaria suas dívidas.
Segundo o site, o Estadão, ” assim como em inúmeras outras empresas de comunicação, se deixou invadir por jornalistas marxistas/esquerdistas que não querem dar a notícia, querem formar opinião, ganhar a narrativa.”
O grau de alucinação das milícias digitais ligadas a Jair Bolsonaro pode ser visto nesse post abaixo do jornalista Allan dos Santos, editor do site Terça Livre.
Nesse texto em inglês, ele acusa do Estadão de proteger o Forum São Paulo – na visão dele, uma organização destinada a implantar o comunismo na América Latina.
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Mais: o jornal também esconderia os laços com traficantes. Na visão deles, o forum recebia dinheiro do narcotráfico. É o que ele quer dizer, no texto, ao falar de ligação como crime.
Para quem chegou ontem de Marte, explico: o Estado é um dos mais importantes jornalistas liberais e conservadores do mundo.
Sempre foi um feroz adversário do comunismo e do populismo getulista.
Apoiou o golpe militar de 1964. Sempre foi contra o PT, no geral, e Lula, em particular.
Dizer que o Estadão tem vínculos com comunistas não é opinião, mas alucinação.
O motivo da irritação de Allan: ele foi apontado em reportagem do Estadão com um dos líderes das milícias digitais de Bolsonaro.
A Fake News disseminada pelo site Terça Livre, editado por Allan dos Santos, contra a repórter Constança Rezende do jornal O Estado de S. Paulo acabou se transformando em uma bomba contra as milícias digitais ligadas a Jair Bolsonaro.
Allan disseminou a mentira de que teria dito que o único objetivo de o Estadão revelar as contas secretas de Flávio Bolsonaro, via seu motorista Fabrício Queiroz, seria arruinar o presidente.
Depois dessa Fake News, a vida da jornalista virou um inferno, atacada e ameaçada de várias lados pelas redes sociais.
O repórter José Fucs, do Estadão, investigou as ramificações das milícias digitais e suas conexões com a família Bolsonaro e Olavo de Carvalho.
Aí se vê o caminho das ofensas contra jornalistas, políticos e até ministros como Ricardo Vélez e Sérgio Moro, o ex-ministro Gustavo Bebianno ou o vice Hamilton Mourão.
Nas eleições, até o MBL, grupo de direita, esteve da mira das milícias.
A máquina funcionou a pleno vapor nas eleições, não se limitando atacar a esquerda.
Mas adversários de Bolsonaro à direita como Flávio Rocha, João Amoedo e Geraldo Alckmin.
Neste momento, o STF mandou investigar a rede na internet responsável por ataques e ameaças a seus ministros.
Bolsonaro, seus filhos e alguns assessores palacianos e parlamentares envolvem-se diretamente nos ataques. E, por ora, de acordo com as informações disponíveis, sites e páginas como o Terça Livre, Isentões e Senso Incomum, que agem como se estivessem numa “guerra santa” contra infiéis, não estão recebendo recursos públicos para financiar suas atividades.
Na linha de frente dos ataques aos adversários e críticos de Bolsonaro e de Olavo figuram dois filhos do presidente – o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), responsável pela bem-sucedida campanha do pai nas redes e ainda hoje o principal administrador de suas páginas e perfis pessoais, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o mais ideológico da família e o mais ligado a Olavo. Ao lado deles, instalados no Palácio do Planalto, destacam-se o assessor internacional da Presidência, Filipe G. Martins, e os assessores presidenciais José Matheus Sales Gomes – criador dos sites Bolsonaro Zuero e Bolsonaro Opressor 2.0 na campanha e considerado o “gênio” das redes do presidente – , e Tercio Arnaud Tomaz, ambos ex-funcionários do gabinete de Carlos, na Câmara Municipal do Rio.
O jornalista José Fucs fez um mapa das ramificações das milícias digitais.
Os analistas que conhecem de perto o grupo mais próximo de Bolsonaro afirmam que Filipe Martins, um pupilo fervoroso de Olavo que foi introduzido no círculo bolsonarista pelas mãos de Eduardo, é quem está por trás de muitos ataques aos adversários e críticos do “professor” e do presidente. Eles dizem reconhecer o inconfundível estilo “jacobino” de Martins em vários dos ataques desfraldados por Olavo nos últimos tempos.
Quem conhece bem a forma de atuação do grupo afirma também que Olavo está sendo “brifado” em vários de seus posts por Martins e outros olavetes que ganharam cargos oficiais no atual governo e usado por eles para desferir ataques em todas as direções. Assim, Olavo dá a sua contribuição para preservar seus discípulos do desgaste inevitável que teriam se fizessem, eles mesmos, as publicações mais agressivas.