‘Veja’ desvenda os porões das milícias digitais pró-Bolsonaro
A militância virtual que vem degradando o debate público brasileiro agora falsifica até conversas de WhatsApp de ministro. A revelação é da revista “Veja“.
No começo da semana, o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) afirmou ter sido alvo de uma ação criminosa que tinha como objetivo “criar atrito entre pessoas”.
O ministro se referia à reprodução de uma tela de celular que mostra uma suposta troca de mensagens pelo WhatsApp em que ele é identificado como um dos interlocutores.
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A fabricação de uma conversa de um ministro é mais uma ofensiva das “milícias digitais devotadas a atacar qualquer um que seja visto como inimigo do presidente Jair Bolsonaro”.
De acordo com a reportagem da “Veja”, essa militância digital está incrustada no governo.
“No Palácio do Planalto, dois jovens funcionários gastam o dia trabalhando em celulares e computadores. São assessores especiais que ganham R$ 13.600 por mês e gozam da confiança do presidente, a quem respondem diretamente, e também a Carlos Bolsonaro, articulador da comunicação presidencial no Twitter”.
“Tercio Arnaud Tomaz, 31 anos, e José Matheus Salles Gomes, 26, são hábeis administradores de uma gama de perfis falsos que desferem ataques contra desafetos da família Bolsonaro”.
Funcionários do Planalto dizem os dois são tímidos, “quase não abrem a boca”, e “morrem de medo do Carlos”. “Matheus é um cara de pavio curto. Tercio é mais mocorongo. Sempre que tem uma sacanagem para fazer com alguém da esquerda ou um ataque a um adversário, são eles que inventam”, diz um aliado de longa data do clã Bolsonaro ouvido pela “Veja”.
A reportagem revela ainda que há outros milicianos digitais locados em Brasília. “É o caso de Guilherme Julian, que — de novo por indicação de Carlos — trabalha como assessor parlamentar no gabinete do deputado carioca Hélio Lopes, conhecido como Hélio Negão”.
“A rede das milícias digitais é ampla: inclui assessores palacianos, sites governistas como o Terça Livre, do olavista Allan dos Santos, youtubers como Nando Moura e Bernardo Küster (também olavistas), o próprio Olavo de Carvalho, a multidão de seguidores mais radicais de Bolsonaro — e robôs, algoritmos da internet que, sobretudo no Twitter (o Facebook é mais difícil de operar), catapultam hashtags e tuítes para torná-los “virais”.