Veja e Época:Bolsonaro gasta mais tempo no Twitter do que deveria

05/04/2019 11:48

Jair Bolsonaro completa na próxima semana cem dias de seu governo. No período, o presidente praticamente deixou de lado as articulações políticas para provocar polêmicas e espalhar Fake News nas redes sociais.

Levantamento das duas principais revistas do país –Veja e Época– mostram que nestes cem dias de governo, Bolsonaro dedicou mais tempo ao Twitter do que com questões do Planalto.

Desde que chegou ao Planalto, há pouco mais de três meses, Bolsonaro ultrapassou a marca de 1 500 mensagens postadas nas redes, diz a Veja
Desde que chegou ao Planalto, há pouco mais de três meses, Bolsonaro ultrapassou a marca de 1 500 mensagens postadas nas redes, diz a Veja - Reprodução

Com o título “República dos tuítes”, a Veja mostra que desde que assumiu o cargo, Bolsonaro ultrapassou a marca de 1.500 mensagens postadas nas redes. Só no Twitter foram 871 posts, uma média de 8,39 por dia.

A pedido da revista, o laboratório de estudos de rede NetLab, da UFRJ, levantou os perfis que mais apoiaram e passaram adiante mensagens de apoio ao presidente através de hashtags no Twitter. A conclusão: dos vinte cam­peões de postagens pró-­Bolsonaro, seis eram claramente robôs e outros nove apresentavam movimentação altamente suspeita.

Assim como na campanha, o presidente usa o microblog para fazer ataques frequentes à imprensa, diz revista Época
Assim como na campanha, o presidente usa o microblog para fazer ataques frequentes à imprensa, diz revista Época - Reprodução

Já a revista Época analisou os mais de 3 mil tuítes feitos por Bolsonaro no Twitter entre outubro de 2017, quando ainda era um pré-candidato desacreditado, até 6 de março deste ano.

A “imprensa” e a “mídia” foram mencionadas mais de 120 vezes, quase sempre de modo depreciativo.

No mesmo período, segundo a revista, Bolsonaro se referiu apenas nove vezes à “Previdência” e 11 vezes a Paulo Guedes, o superministro da Economia.

Para a revista, Bolsonaro presidente segue os passos de Donald Trump e de outros líderes populistas, como o turco Recep Tayyip Erdogan, que transformaram a rede social em veículos de comunicação oficiais de seus governos e elegeram a imprensa como alvo preferencial de seus ataques.

“O uso do Twitter como palanque eleitoral, canal de comunicação oficial da Presidência e tribunal da oposição e da imprensa propõe desafios urgentes para a política e também para o jornalismo profissional”, questiona a revista sobre o esvaziamento do papel mediador da imprensa.