Ator americano cria “religião” para protestar contra o consumismo e conquista seguidores

Desde 1997, o ator americano Bill Talen encarna como único personagem uma figura bastante espalhafatosa: o Reverendo Billy. Inspirado nos pastores que pregam aos berros pelas ruas de grandes cidades, ele chama atenção por lutar contra um curioso diabo que, segundo ele, personifica o consumismo: Mickey Mouse. O aparentemente inofensivo ratinho é a imagem principal de uma marca massivamente difundida no mundo todo e que, de acordo com o Reverendo, é capaz de manipular pessoas a consumir desenfreadamente.

Mesmo sem ser um religioso de verdade, Billy possui seguidores e até fundou uma “igreja”, a The Church of Life After Shopping (“Igreja da Vida Pós-Compras”), uma instituição que reúne ativistas que se identificam com a causa anticonsumo e prometem o ‘shopocalypse’, o apocalipse das compras.

Entre um “aleluia” e outro, Billy utiliza humor para desmotivar o consumo e costuma ir a shopping centers (seus principais alvos são as lojas de produtos da Disney e o Starbucks) e grandes liquidações para gritar palavras de ordem. Além de “exorcizar” máquinas registradoras e clientes, ele tem o objetivo de fazer com que as pessoas reflitam sobre o quanto são induzidas a consumir e possuir objetos que não necessitam realmente.

 
Junto a um inseparável megafone e um poderoso coral batizado de “Pare de Comprar” (muitas vezes chega a mais de 40 pessoas), o Reverendo canta versões adaptadas das canções gospels das igrejas norte americanas com palavras contra o consumismo. Com a maneira nada discreta que utiliza para se expressar, ele tira a paz dos gerentes dos estabelecimentos e constrange alguns consumidores, mas a maioria das pessoas se divertem com seu jeito subversivo e bem humorado. Mesmo assim ele já foi preso cerca de 50 vezes por perturbar a ordem pública.

Billy faz palestras sobre como lutar contra o “diabo” (consumismo) e informa as pessoas de que suas compras têm impactos globais. Ele também ministra workshops que ensinam a valorizar a economia local e incentivam as pessoas a procurar saber como são feitos os produtos que consomem. O ativista ainda oferece aconselhamento para os que querem se livrar das dívidas do cartão de crédito.

Em 2007, o ativismo de Billy foi registrado em um documentário chamado “What Would Jesus Buy?” (“O que jesus compraria”, em tradução livre) dirigido por Morgan Spurlock (de Supersize Me). O filme mostra a luta do Reverendo contra a febre de compras do Natal e a tentativa de evitar o shopocalypse.