Voltei da licença, e agora? Como empresas acolhem mães e pais

14/09/2016 21:43 / Atualizado em 04/05/2020 17:57

Após um passeio na praia com seu filho Gustavo, que tem apenas dez meses, Bárbara Galvão retorna às suas obrigações de trabalho. Ela aproveitou o feriado de 7 de setembro para visitar sua família em Santa Catarina, e passar o resto da semana por lá, quinta e sexta-feira. Trabalhando de casa, ela pode organizar seu tempo entre os parentes, seu bebê e as demandas de trabalho da maneira que for mais adequada para ela. Bárbara não é uma mãe empreendedora, ela tem um emprego fixo, regime CLT, e na empresa onde é funcionária, ela e seus colegas trabalham de forma muito autônoma.

A maternidade é uma experiência transformadora, e nem sempre a volta ao mercado de trabalho é tranquila. Pode até acontecer de aquelas antigas funções deixarem de fazer sentido para as novas mães, ou então conciliar a jornada de trabalho e de cuidados com as crianças se tornar uma tarefa muito complicada.

Para ela, que além do bebê de 10 meses também tem outro filho, Felipe, de sete anos, essa dinâmica de trabalho a ajuda a organizar sua rotina com o dia a dia da maternidade.
Para ela, que além do bebê de 10 meses também tem outro filho, Felipe, de sete anos, essa dinâmica de trabalho a ajuda a organizar sua rotina com o dia a dia da maternidade.

Por isso, grandes empresas, conectadas pelo Movimento Mulher 360, lançam um olhar mais cuidadoso para a mulher no mercado de trabalho e encabeçam o movimento, que defende a valorização dessas profissionais e a equidade de gênero. A ideia é que as empresas associadas invistam em boas práticas para alcançar esses objetivos e troquem experiências entre si.

Bárbara, que é psicóloga e tem pesquisa com o tema ”A criança pequena, seu cuidado e educação em discursos de homens-pais”, foi convidada para trabalhar na Unilever, companhia multinacional , que integra o movimento, justamente para desenvolver políticas e programas que contribuíssem com a igualdade de gênero dentro da organização.

“Tem várias pesquisas que mostram que as mulheres abandonam o mercado quando o filho nasce. Queremos que essas profissionais fiquem. Quanto mais a gente desenvolver isso, mais igualitário fica o ambiente. Isso tudo está ligado ao negócio. Não é só por que a empresa é boazinha” explica Barbara.

O berçário é aberto para filhos de funcionários homens e mulheres. Isso porque a empresa quer quebrar o estereótipo de que “só as mães são responsáveis pelos cuidados dos filhos”. “A equidade só vai funcionar quando os homens e mulheres tiverem os mesmos direitos, na Unilever e em casa”, explica ela.

Para Júlio Beltrão, diretor jurídico da Unilever para a América Latina, que é pai de Joaquim, de 1 ano e 8 meses, e Isadora, de 8 anos, a possibilidade de usar o berçário da empresa um grande diferencial para a decisão de mudar de emprego. “Eu trabalhava numa empresa que só tinha berçário para as mães. Eu cheguei aqui já usando o berçário. Estou muito mais presente na vida do meu filho. Ele vem e volta todo dia comigo, todo o trâmite que a mãe normalmente tem, na chegada e na volta da creche, é meu. Isso me fez ficar muito próximo dele. A empresa onde a mãe dele trabalha não oferece berçário e ela fica absolutamente tranquila com o fato do nosso filho estar aqui, dentro da empresa, comigo.”
Para Júlio Beltrão, diretor jurídico da Unilever para a América Latina, que é pai de Joaquim, de 1 ano e 8 meses, e Isadora, de 8 anos, a possibilidade de usar o berçário da empresa um grande diferencial para a decisão de mudar de emprego. “Eu trabalhava numa empresa que só tinha berçário para as mães. Eu cheguei aqui já usando o berçário. Estou muito mais presente na vida do meu filho. Ele vem e volta todo dia comigo, todo o trâmite que a mãe normalmente tem, na chegada e na volta da creche, é meu. Isso me fez ficar muito próximo dele. A empresa onde a mãe dele trabalha não oferece berçário e ela fica absolutamente tranquila com o fato do nosso filho estar aqui, dentro da empresa, comigo.”

A empresa acaba de lançar um novo programa de licença-parental flexibilizada. Os funcionários podem estender as licenças de 15 dias para os homens e 60 dias para mulheres. Os trabalhadores podem gozar do benefício assim que o bebe nascer ou em outro período dentro do primeiro ano do bebê. A política também é válida para os pais adotivos, casais homoafetivos ou monoparentais.

“A licença dos homens ainda não tem seis meses. Esse é o começo de uma ruptura. E com o tempo vamos mexendo”, comenta Bárbara, apontando futuros desafios da empresa.

Há diversas oportunidades e caminhos para as empresas contribuírem para a criação de um ambiente mais igualitário ao mesmo tempo em que retém e valorizam seus colaboradores. O Itaú, por exemplo, outra participante do Movimento Mulher 360, criou uma série de programas com foco no empoderamento da mulher.

Em 2015, a organização lançou uma política de acolhimento das mães e gestantes que garante às funcionárias uma série de medidas, como impedimento de viagens a partir do sexto mês de gestação, a redução da carga horária e redução de metas no primeiro mês após o retorno da licença.

Outro exemplo é o da Natura, do setor de cosméticos. Visando contribuir para a equidade de gênero, a empresa implementou uma licença paternidade de 40 dias após o nascimento do bebê. Além da licença em si, os pais também são convidados a participar do curso para gestantes que a empresa oferece.

A Natura, assim como a Unilever, oferece berçário para as mães. Há 25 anos, a empresa acolhe os filhos de até 3 anos de todas as colaboradoras em creches nos ambientes de trabalho.
A Natura, assim como a Unilever, oferece berçário para as mães. Há 25 anos, a empresa acolhe os filhos de até 3 anos de todas as colaboradoras em creches nos ambientes de trabalho.

A igualdade de gênero no mercado de trabalho passa pela quebra de paradigmas e estereótipos de gênero, por ambientes de trabalho mais acolhedores às famílias e à maternidade, e que valorizem e entendam a importância dessa transformação para os negócios e para a sociedade. Embora existam muitos desafios para alcançar essa transformação, é possível, e essas grandes empresas, como Unilever, Natura e Itaú, líderes do mercado em seus segmentos, estão cumprindo essa missão, acolhendo mães e pais e quebrando paradigmas.