“Fazendo as malas” reúne experiências de intercâmbio estudantil

Livro organizado por Maurício Moura e Sidney Nakahodo apresenta histórias de jovens que estudaram em outros países e hoje contribuem com o Brasil

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Sidney Nakahodo estudou engenharia na Usp e se especializou em economia e política internacional.

As escolhas

De início, a busca pelos personagens que teceriam as histórias gerou certa dicotomia: diversificação e pontos em comum. “Quando idealizamos o projeto tínhamos a ideia de reunir um grupo de pessoas com perfis, formações e áreas de atuação bastante diversificadas. Ao mesmo tempo, procurávamos autores que compartilhassem certas características em comum: que fossem brasileiros, jovens e idealistas, com sólida base acadêmica e profissional e forte vínculo com país”, explica Sidney. Com isso, foram reunidos textos de autores que ainda estão no exterior e abordam temas ligados ao desenvolvimento do Brasil.

Abordar o tema “intercâmbio” visou aproximar a realidade de quem parte do local de origem para uma realidade até então desconhecida, da nova geração de estudantes entusiasmados com a chance de aprender mais. Desta maneira,  constroem-se cidades mais inteligentes. “Certamente a troca de experiências e conhecimento de moradores de diferentes cidades do mundo  facilita e estimula as melhores praticas de desenvolvimento urbano e principalmente ajuda a melhorar a vida das pessoas”, enfatiza Maurício.

A distância, à distância, há distância

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Maurício é economista e professor da George Washington University.

“Este é o momento de indagar: um aluno de escola pública como eu fui um dia, nos dias de hoje, considerando-se todos os problemas que o ensino fundamental e médio que temos hoje enfrenta, teria condições de trilhar o mesmo caminho?”. O questionamento, levantado por Silva, expressa a distância gerada pelas lacunas no sistema educacional brasileiro.

Em 2011, uma pesquisa realizada pela Belta (Associação Brasileira das Operadoras de Viagem Educacionais e Culturais) apontou um total de 215 mil estudantes brasileiros em escolas no exterior. Estima-se que neste ano o aumento seja de 30%. Contudo, detectou-se que 15,2% das crianças completam 8 anos de idade sem serem alfabetizadas. Este fato influência negativamente em todo o desenvolvimento escolar do jovem e, consequentemente, interfere nas chances de conseguir uma vaga em instituições estrangeiras.

Ainda que os obstáculos sejam muitos, aqueles que conseguem uma oportunidade de buscar novos conhecimentos contribuem efetivamente para a melhoria do país. O livro corrobora a importância que há na oportunidade de usufruir das bolsas de estudo disponibilizadas por diversas organizações. “Esperamos que ‘Fazendo as malas’ possa servir com uma pequena contribuição nesse sentido, sobretudo para os jovens brasileiros que buscam conciliar idealismo e pragmatismo num contexto de rápidas transformações como o que vivemos atualmente”, conclui Nakahodo.