15 palavras de nosso dia a dia que são heranças africanas
No mês da Consciência Negra, o aplicativo de idiomas Babbel reuniu 15 palavras do dia a dia dos brasileiros que, na verdade, são heranças de línguas e culturas africanas. A miscigenação linguística é responsável pelo idioma rico e variado que falamos hoje.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), hoje o Brasil é o país com mais descendentes africanos fora da África – 54% da população é afrodescendente.
A presença africana trouxe uma riquíssima contribuição para a língua portuguesa e cultura brasileira. As religiões africanas, como o candomblé e a umbanda, foram fundamentais para a perpetuação linguística de diferentes povos. Confira abaixo algumas palavras:
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Dengo: segundo os dicionários, a palavra significa “lamentação infantil”, “manha”, “meiguice”. Contudo, a palavra de origem banta (atualmente Congo, Angola e Moçambique) e língua quicongo tem um sentido mais profundo e ancestral, dengo é um pedido de aconchego no outro em meio ao duro cotidiano.
Cafuné: também do quimbundo vem a palavra cafuné, que significa acariciar/coçar a cabeça de alguém.
Caçula: Do quimbundo kazuli, que significa o último da família ou o mais novo.
Moleque: do quimbundo “mu’leke”, que significa “filho pequeno” ou “garoto”, era um modo de se chamar os seus filhos de mu’lekes.
Com o passar do tempo, a palavra começou a apresentar um significado pejorativo, devido ao preconceito existente contra tudo o que era próprio dos negros, inclusive o modo como chamavam os seus filhos. Antes da abolição da escravidão, por exemplo, chamar um menino branco de “moleque” era uma grande ofensa.
Atualmente, a palavra “moleque” é atribuída a crianças traquinas e desobedientes. Também é utilizada para qualificar a personalidade de uma pessoa brincalhona ou que não merece confiança.
Quitanda: do termo quimbundo “kitanda”, trata-se de um pequeno estabelecimento onde se vende produtos frescos, como frutas, verduras, legumes, ovos, etc.
Fubá: vem de “fuba”, da língua banta quimbundo, é uma farinha feita com milho ou arroz. Feijão e angu – creme feito apenas com fubá e água – eram a base da alimentação dos africanos e afro-brasileiros. Hoje, vários pratos e quitutes são preparados com o ingrediente, sendo o bolo de fubá o mais querido entre os brasileiros.
Dendê: do quimbundo ndende, o dendê, ou óleo de palma, é popular nas culinárias africana e brasileira. Ele é produzido a partir do fruto do dendezeiro – um tipo de palmeira originária do oeste da África. Indispensável na cozinha afro-brasileira, o dendê é utilizado em pratos como o vatapá e o acarajé.
Cachaça: essa aguardente de cana-de-açúcar é usada no preparo do coquetel brasileiro mundialmente conhecido, a caipirinha. A cachaça é obtida com a fermentação e destilação do caldo de cana.
A palavra tem origem na língua quicongo, do grupo banto (atualmente Congo, Angola e Moçambique). A cultura da cachaça no Brasil começou no tempo de escravidão, quando os africanos trabalhavam na produção de açúcar proveniente da cana. O método consistia em moer a cana, ferver o caldo obtido e, em seguida, deixá-lo esfriar. Desse processo, resultava a rapadura – produto que tinha como finalidade adoçar alimentos e bebidas. Quando o caldo fermentava, o açúcar da garapa se convertia em álcool.
Hoje, o Brasil produz 1,3 bilhão de litros de cachaça por ano. A bebida é a segunda mais consumida do país, ficando atrás apenas da cerveja.
Axé: o termo geralmente é usado como o “assim seja”, da liturgia cristã, e também “boa-sorte”. Contudo, segundo as religiões afro-brasileiras, axé (do iorubá ase) é bem mais do que isso, é a energia vital encontrada em todos os seres vivos e que impulsiona o universo.
Candomblé: esta é a religião de matriz africana mais praticada no Brasil. Em virtude da proibição da prática do candomblé no passado, aconteceu um sincretismo – a junção dos cultos do candomblé com o catolicismo. Até hoje, alguns católicos e praticantes do candomblé celebram juntos a lavagem de Senhor do Bonfim (no candomblé Águas de Oxalá) , Santa Bárbara (no candomblé Iansã), Nossa Senhora dos Navegantes (no candomblé Iemanjá).
Candomblé é a união do termo quimbundo candombe, que significa “dança com atabaques”, com o termo iorubá ilé ou ilê (casa): “casa de dança com atabaques”.
Macumba: (quimb makumba) é uma religião que começou a ser praticada na primeira metade do século XX no Rio de Janeiro e é uma variante do candomblé. Originalmente, a palavra se referia apenas ao instrumento musical utilizado em cerimônias religiosas de raiz africana.
Muvuca: “mvúka”, de origem banta e língua quicongo, significa aglomeração ruidosa de pessoas como forma de lazer, celebração.
Cuíca: o instrumento, chamado em Angola de “pwita”, é semelhante a um tambor e contém uma haste de madeira interna e fixa. O som é produzido ao esfregar a haste com um pano úmido. Seu uso foi muito difundido na música popular brasileira e, por volta de 1930, passou a fazer parte das baterias das escolas de samba.
Abadá: hoje em dia, a palavra abadá é conhecida por se referir à camiseta de carnaval recebida na compra do ingresso para blocos de rua. Ela tem origem no iorubá e originalmente era utilizada para se referir às batas/túnicas brancas vestidas em rituais religiosos.
Cachimbo: instrumento utilizado para fumar, geralmente, tabaco. A palavra deriva do termo “kixima” de uma das línguas bantas mais faladas em Angola, o quimbundo.