Após votação, Colégio Presidente Médici pode ser renomeado para Escola Carlos Marighella
Alteração foi votada por alunos, pais, professores e funcionários da instituição
Já faz uma década que os professores do Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, de Salvador, manifestam seu incômodo com o nome da instituição, que homenageia um presidente da Ditadura Militar. Agora, o problema pode ser resolvido, já que o colégio deve ser renomeado para Escola Estadual Carlos Marighella.
A alteração foi votada por alunos, pais, funcionários e professores da instituição, e depende da aprovação da Secretaria de Educação para ser concretizada.
Para substituir o presidente militar, foram escolhidos dois possíveis nomes: o do guerrilheiro Carlos Marighella e o do geógrafo Milton Santos. Ambos baianos e contrários à ditadura presidida por Médici. Marighella venceu a eleição com 406 votos, contra 128 de Santos. Houve ainda 25 votos nulos e 27 brancos.
A votação ocorreu após um longo período de discussões, em que os alunos estudaram este período da História do Brasil e desenvolveram trabalhos expositivos sobre o assunto. As exposições foram apresentadas aos pais, que também assistiram a palestras sobre Carlos Marighella e Milton Santos.
Em entrevista ao Catraca Livre, a diretora da escola, Aldair Dantas, exaltou a mudança. “No momento em que você abre essa possibilidade, você dá um basta na imposição”, afirmou. “É importante mudar as coisas que incomodam, nomes que fazem referência a coisas ruins. A proposta é que essa mudança não fique só no nome, mas também na postura”.
Quem foram
Emílio Garrastazu Médici presidiu o país entre 1969 e 1974, período conhecido como “Anos de Chumbo”, por ter sido a época mais repressiva da Ditadura Militar. Durante estes anos, os movimentos de esquerda foram fortemente perseguidos por agentes do Estado.
Carlos Marighella foi um dos líderes da resistência à Ditadura e chegou a ser considerado o “inimigo número 1” do regime militar. Em 1969, foi assassinado a tiros por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
Milton Santos foi um eminente geógrafo brasileiro, reconhecido internacionalmente por seus trabalhos sobre globalização e outros temas. Devido à sua atuação política, se exilou do Brasil em 1968, para onde só voltou em 1976.