Caminhando de olhos vendados por SP, grupo aprende a enxergar melhor a cidade
Projeto fará a quarta caminhada em outubro e já tem inscrições abertas
Uma das melhores formas de aprender sobre a cidade – e até sobre nós mesmos -é simplesmente andar por suas ruas. Com isso em mente, o jornalista André Gravatá, de 24 anos, idealizou a Deriva, uma espécie de caminhada coletiva às escuras. A ideia é mobilizar um grupo de pessoas e convidá-las a caminhar pelos espaços com os olhos vendados.
![Antonio Sagrado Lovato Às escuras, os caminhantes sentem aflorar outros sentidos](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2014/09/43-450x246.jpg)
A iniciativa, criada pelo Movimento Entusiasmo, chega a sua quarta edição em Outubro, com inscrições abertas e gratuitas*. Quando a pessoa anda com seus olhos vendados, ela é convidada a perceber a cidade não é pensada de um jeito acolhedor que permita a todos, independentemente de sua condição, andarem por ela com facilidade. “Gosto de uma frase assim: ‘deficiente não é a pessoa, é o espaço incapaz de acolher a diversidade’”, cita André.
Apesar do desconforto de não conseguir exergar onde se pisa e da chance de encontrar um buraco em qualquer esquina, há vários positivos na jornada . Ao desafiar os caminhantes a abrirem mão da visão enquanto percorrem a capital paulista, há também a ideia de incentivá-los a exercitar outros sentidos. Eles reconhecem que apuram sua audição, sentem mais os diferentes aromas e percebem o quanto o tato se torna importante. “Andei mais presa, mas, ao mesmo tempo, todos os barulhos e os cheiros vieram para o primeiro plano”, afirma a psicóloga Yara Nico, sobre sua experiência na caminhada. Para estimular ainda mais os sentidos e percepções de quem vivencia a experiência, durante o trajeto, voluntários leem poesia para os que estão
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![Antonio Sagrado Lovato Voluntários leem para os participantes da caminhada](https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2014/09/114-450x248.jpg)
Veja depoimentos de participantes neste vídeo.
Mas, o propósito da Deriva vai além de chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas por quem tem restrição de mobilidade enquanto anda por uma calçada ou atravessa uma avenida. A proposta é também estimular ações que tornem a cidade mais segura para essas pessoas e para todo mundo. É comum os participantes relatarem medo de cair e terem a sensação de que a falta de cuidado com os espaços públicos evidencia também a falta de cuidado com as pessoas.
“A caminhada também quer unir as pessoas pela curiosidade”, explica André. “Quanto mais interagimos com a cidade, prestando atenção em cada detalhe, mais nos importaremos em cuidar dela”, conclui o idealizador.