Cartilha chilena

População reivindica, há mais de sete meses, melhorias no setor educacional e pede acesso gratuito às universidades

Em maio deste ano, o povo chileno resolveu reivindicar algo que é essencial para o desenvolvimento de qualquer nação: o direito à educação pública e de qualidade. A inexistência de universidades gratuitas resultou no alto endividamento de estudantes, submetidos aos juros aplicados pelos bancos.

No auge da indignação, professores, alunos e cidadãos foram às ruas pedir por uma participação maior do setor público nos assuntos ligados à educação. Contudo, os resultados não foram satisfatórios. Sebastián Piñera, atual presidente do Chile, propôs o aumento do número de bolsas de estudos além de reduções nas taxas cobradas pelas instituições privadas.

O salário mínimo do país é de $ 182.000, aproximadamente R$ 660 reais, sendo que o gasto com mensalidades chega a R$ 800. Sem condições de manter os estudos e gastos básicos como alimentação, transporte e saúde, o indivíduo não vê alternativa senão o financiamento baseado em crédito estudantil.

A ação popular gerou conflitos com a polícia e a prisão de manifestantes (por volta de cerca de 1.700), ainda que o caminho escolhido para o percurso tivesse sido aprovado pelo governo vigente. Neste último domingo, 4, mais um caso de protesto foi registrado, desta vez durante um programa de TV.

A edição chilena do Teleton foi interrompida por três pessoas que exibiram cartazes reivindicando o fim dos lucros captados pelas instituições de ensino privadas. Em apoio à causa, um jovem com deficiência também se manifestou em prol dos estudantes.

No dia 22 de novembro, a Câmara de Deputados do Chile recusou a proposta que previa uma parcela de orçamento do Executivo que seria destinada à educação. A oposição alegou que o valor proposto não era suficiente para atender às reivindicações do setor.

Mesmo que conflitos e violência sejam inevitáveis, o engajamento da sociedade chilena mantém em vigor o lema que conduz sua pátria: “Por la razón o la fuerza”.