Centenário do Cinema Indiano ganha destaque no Cinusp

Mostra irá exibir clássicos como "A Canção da Estrela" e novos títulos, entre eles "Gangues de Wasseypur.

Cena do filme “Gangues de Wasseypur”, lançado em 2012.

Muito além do “Bollywood” está a produção cinematográfica da Índia. Filmes com forte carga política que retratam conflitos ligados à divisão de castas e crença religiosa também ganham espaço no país e geram diversas discussões em âmbito internacional. Fato é que a indústria “bollywoodiana”, assim como aquela parcela que busca valorizar a cultura nacional, confirmam a existência de um elemento valioso do cinema: a versatilidade.

Em 1913, o diretor Dadasaheb Phalke lançou “Raja Harischandra”, considerado o primeiro filme indiano e que tinha como tema a mitologia hindu. Com o passar do tempo novos trabalhos surgiram e atualmente mais de mil filmes são produzidos por ano. Para celebrar – e retratar – o centenário do cinema da Índia, o Cinusp exibe, em suas duas salas – Cidade Universitária e Maria Antônia -, uma mostra gratuita dividida em três períodos: 1950, 1990 e 2000. As sessões acontecem entre 16 e 29 de setembro.

Entre os filmes destacados estão obras da “nova safra” como “Peepli ao Vivo”, “Amor, Sexo e Traição” e “Gangues de Wasseypur” além do clássico “A Canção da Estrada”, de Satyajit Ray – considerado o maior cineasta da Índia de todos os tempos. Veja mais detalhes sobre os longas:

Peeli ao Vivo

Datas: 18 e 23 (Cidade Universitária); 27 (Maria Antônia)
Horários: 19h, 16h, e 20, respectivamente
Direção: Anusha Rizvi e Mahmood Farooqui
Informações técnicas: Índia, 2010, digital, cor, 110’. Classificação – Livre.
Sinopse: Um camponês pobre, prestes a perder suas terras por conta de dívidas no banco, decide aceitar a proposta do líder do vilarejo local: suicidar-se para que sua família receba uma indenização do governo. As coisas mudam quando um jornalista escuta a conversa entre os dois e a vila onde moram se torna um reality show acompanhado pela TV por toda a nação. Sátira à exploração sensacionalista pela competitiva mídia do endividamento de agricultores e ao cinismo dos partidos políticos, o filme exibido em competição nos festivais de Sundance e Berlim e foi escolhido Melhor Filme Estrangeiro no Festival Internacional de Durban, na África do sul.

Amor, Sexo e Traição

Datas:18 e 27 (Cidade Universitária); 21 (Maria Antônia)
Horários: 16h, 19h e 20h30, respectivamente
Direção: Dibakar Banerjee
Informações técnicas: Índia, 2010, digital, cor, 109’. Classificação – 16 anos.
Sinopse: Utilizando-se de imagens captadas por câmeras caseiras, de segurança e de celular, o filme apresenta três histórias envolvendo invasão de privacidade e voyeurismo – na primeira, um estudante se apaixona por uma atriz; na segunda, um lojista pega um funcionário num escândalo por uma mensagem de celular; na terceira, uma operação é montada para flagrar um astro de rock em situações comprometedoras com câmeras escondidas (procedimento adotado por programas de grande sucesso na televisão indiana atual). Sátira sobre a mídia televisiva, trata-se de um exemplo de parte da atual produção cinematográfica de Bollywood que tem se posicionado de forma mais crítica em relação à cultura e a realidade do país, desfazendo décadas de inibição daquela indústria com fórmulas que descartam a tradicional mescla de romances com cenas musicais e dança e sagas violentas de vingança.

Datas: 20 e 25 (Cidade Universitária); 28 (Maria Antônia)
Horários: 19h, 16h e 20h, respectivamente
Direção: Anurag Kashyap
Informações técnicas: Índia, 2012, digital, cor, 154’. Classificação – 16 anos
Sinopse: Durante os últimos anos do regime colonial inglês, um homem ganha a vida saqueando trens de carga britânicos. Quando ele se vê forçado a trabalhar nas minas de carvão de um poderoso proprietário de Wasseypur, tem início um conflito entre gangues pelo controle das minas da cidade. Uma década depois, seu filho pretende recuperar a honra de seu pai e tornar-se o homem mais temido da região. Épico de gângsteres sobre a luta pelo poder, a política e a vingança entre famílias, o filme motivou comparações com Cidade de Deus e com o trabalho de cineastas como Quentin Tarantino, Sergio Leone e Martin Scorsese. Um dos mais recentes filmes a representar o novo cinema indiano, com um retrato cru da realidade incomum às obras de Bollywood, foi exibido no Festival de Cannes, no Festival de Sundance e indicado aos prêmios de Melhor Filme e Melhor Diretor no Asia Pacific Screen Awards, tornando-se um imenso sucesso de bilheteria e um cult movie instantâneo. Seguindo uma estratégia pouco usual na Índia, o filme foi lançado nos cinemas comerciais em duas partes de 160 minutos cada, cujos lançamentos foram separados por alguns meses, de modo que ambas funcionassem tanto como narrativas independentes quanto como partes de uma só história.

Datas: 17 e 26 (cidade Universitária); 29 (Maria Antônia)
Horários: 19h, 16h e 20h30, respectivamente
Direção: Satyajit Ray
Informações técnicas: Índia, 1955, digital, p&b, 119’. Classificação – 10 anos
Sinopse: Em um pequeno vilarejo no interior do estado de Bengala nos anos 1920, um menino vive com sua família na miséria. Quando o pai viaja para pleitear um novo emprego, a família se enche de esperança. Ganhador de dois prêmios especiais no Festival de Cannes de 1956, foi o primeiro filme da Índia independente a atrair a atenção da crítica internacional, e é amplamente considerado não apenas o maior clássico do cinema indiano, mas também um dos maiores filmes já feitos. Influenciada pelo neorrealismo italiano e responsável por trazer ao cinema indiano um realismo social e uma autenticidade até então inéditos, a obra se vale de poucos atores profissionais e, apesar de ter sido feita com pouco dinheiro, alcançou também grande sucesso de público. Baseado no romance homônimo do escritor bengalês Bibhutibhushan Bandopadhyay, trata-se ainda do primeiro filme da célebre Trilogia de Apu do diretor Satyajit Ray, o maior nome do cinema indiano clássico.

http://youtu.be/OWMTCuYcWPU

[tab:END]

A programação completa estará disponível no site do Cinusp.