Como a IA permite o desenvolvimento centrado em habilidades
Com a ascensão da inteligência artificial, empresas e profissionais precisam se adaptar rápido — e o desenvolvimento por habilidades é o caminho
Em um cenário onde a maioria das empresas já investe em inteligência artificial, apenas 1% acredita ter atingido maturidade nessa área, segundo relatório da McKinsey. Essa disparidade revela uma transformação profunda no mercado de trabalho. De acordo com o Work Change Report do LinkedIn, mais de 70% das habilidades exigidas nos cargos atuais devem mudar até 2030.
Outro dado preocupante é que mais de 70% das organizações ainda não conseguiram extrair valor real da IA, o que as coloca em risco de serem ultrapassadas ou até mesmo eliminadas pela concorrência.

Para Guilherme Luz, CEO da Galena —empresa especializada no desenvolvimento profissional em parceria com áreas de RH— o alerta é direto: quem não acompanhar o ritmo acelerado da evolução tecnológica não apenas ficará para trás, como também enfrentará sérios desafios, como a escassez de talentos qualificados em um mercado cada vez mais competitivo.
“É necessário fechar a lacuna de prontidão ao desenvolver nas pessoas as habilidades mais urgentes para seus papéis. Ao aplicar IA de forma prática e de alto impacto, pode-se transformar cada colaborador em um multiplicador de produtividade com IA”, explica Luz.
Desenvolvimento centrado em habilidades
A rapidez das transformações no mercado evidencia a importância de um modelo de desenvolvimento centrado em habilidades. Isso significa colocar as competências no coração do processo de aprendizagem. Ao romper com a abordagem tradicional de treinamentos genéricos e trajetórias profissionais lineares, esse modelo prepara os profissionais para adquirir e aplicar as habilidades essenciais para enfrentar os desafios concretos e imediatos do ambiente de trabalho.
Guilherme Luz destaca três direcionamentos no quais o RH deve focar para aliar a IA ao desenvolvimento centrado em habilidades:
1 – Mapeamento de Habilidades
O primeiro passo é ter clareza sobre o ponto de partida. Com o apoio IA, é possível mapear e organizar as habilidades atuais de cada colaborador, compará-las com as habilidades exigidas para seu cargo e conectá-las aos
objetivos de carreira. Em vez de diretrizes genéricas, a tecnologia oferece diagnósticos precisos, apontando quais são as habilidades-alvo de cada pessoa e permitindo ao RH direcionar investimentos de forma muito mais estratégica.
2 – Personalização radical
Se no passado os programas de desenvolvimento eram generalistas e massificados, a IA agora possibilita uma abordagem individualizada. A personalização radical coloca o colaborador no centro da jornada de aprendizagem, levando em conta sua trajetória, ritmo de aprendizado, aspirações de carreira e até preferências de formato (vídeos, mentorias, projetos práticos etc.).
Com isso, cada profissional tem uma trilha adaptada ao seu momento e às necessidades da empresa, criando um alinhamento entre interesse individual e estratégia organizacional. Esse nível de customização aumenta engajamento, acelera o desenvolvimento e fortalece a retenção de talentos, já que o colaborador percebe valor direto e imediato no que está aprendendo.
3 – Análises de pessoas (people analytics)
Por fim, a aplicação de people analytics garante que todo o processo seja constantemente medido e aprimorado. Por meio de dashboards dinâmicos, relatórios preditivos e análises em tempo real, o RH consegue acompanhar a evolução de habilidades, identificar padrões de comportamento e antecipar riscos, como queda de engajamento ou escassez de competências críticas em determinadas áreas.
Essa visibilidade estratégica permite não apenas reagir a problemas, mas antecipar tendências, planejar investimentos com mais precisão e fortalecer a cultura de desenvolvimento contínuo. Além disso, ao substituir suposições por dados sólidos, o RH ganha maior credibilidade junto à alta liderança e se posiciona como parceiro estratégico na transformação do negócio.