Como a IA permite o desenvolvimento centrado em habilidades

Com a ascensão da inteligência artificial, empresas e profissionais precisam se adaptar rápido — e o desenvolvimento por habilidades é o caminho

23/10/2025 09:02

Em um cenário onde a maioria das empresas já investe em inteligência artificial, apenas 1% acredita ter atingido maturidade nessa área, segundo relatório da McKinsey. Essa disparidade revela uma transformação profunda no mercado de trabalho. De acordo com o Work Change Report do LinkedIn, mais de 70% das habilidades exigidas nos cargos atuais devem mudar até 2030.

Outro dado preocupante é que mais de 70% das organizações ainda não conseguiram extrair valor real da IA, o que as coloca em risco de serem ultrapassadas ou até mesmo eliminadas pela concorrência.

Com a ascensão da inteligência artificial, empresas e profissionais precisam se adaptar rápido — e o desenvolvimento por habilidades é o caminho
Com a ascensão da inteligência artificial, empresas e profissionais precisam se adaptar rápido — e o desenvolvimento por habilidades é o caminho

Para Guilherme Luz, CEO da Galena —empresa especializada no desenvolvimento profissional em parceria com áreas de RH— o alerta é direto: quem não acompanhar o ritmo acelerado da evolução tecnológica não apenas ficará para trás, como também enfrentará sérios desafios, como a escassez de talentos qualificados em um mercado cada vez mais competitivo.

“É necessário fechar a lacuna de prontidão ao desenvolver nas pessoas as habilidades mais urgentes para seus papéis. Ao aplicar IA de forma prática e de alto impacto, pode-se transformar cada colaborador em um multiplicador de produtividade com IA”, explica Luz.

Desenvolvimento centrado em habilidades

A rapidez das transformações no mercado evidencia a importância de um modelo de desenvolvimento centrado em habilidades. Isso significa colocar as competências no coração do processo de aprendizagem. Ao romper com a abordagem tradicional de treinamentos genéricos e trajetórias profissionais lineares, esse modelo prepara os profissionais para adquirir e aplicar as habilidades essenciais para enfrentar os desafios concretos e imediatos do ambiente de trabalho.

Guilherme Luz destaca três direcionamentos no quais o RH deve focar para aliar a IA ao desenvolvimento centrado em habilidades:

1 – Mapeamento de Habilidades

O primeiro passo é ter clareza sobre o ponto de partida. Com o apoio IA, é possível mapear e organizar as habilidades atuais de cada colaborador, compará-las com as habilidades exigidas para seu cargo e conectá-las aos
objetivos de carreira. Em vez de diretrizes genéricas, a tecnologia oferece diagnósticos precisos, apontando quais são as habilidades-alvo de cada pessoa e permitindo ao RH direcionar investimentos de forma muito mais estratégica.

2 – Personalização radical

Se no passado os programas de desenvolvimento eram generalistas e massificados, a IA agora possibilita uma abordagem individualizada. A personalização radical coloca o colaborador no centro da jornada de aprendizagem, levando em conta sua trajetória, ritmo de aprendizado, aspirações de carreira e até preferências de formato (vídeos, mentorias, projetos práticos etc.).

Com isso, cada profissional tem uma trilha adaptada ao seu momento e às necessidades da empresa, criando um alinhamento entre interesse individual e estratégia organizacional. Esse nível de customização aumenta engajamento, acelera o desenvolvimento e fortalece a retenção de talentos, já que o colaborador percebe valor direto e imediato no que está aprendendo.

3 – Análises de pessoas (people analytics)

Por fim, a aplicação de people analytics garante que todo o processo seja constantemente medido e aprimorado. Por meio de dashboards dinâmicos, relatórios preditivos e análises em tempo real, o RH consegue acompanhar a evolução de habilidades, identificar padrões de comportamento e antecipar riscos, como queda de engajamento ou escassez de competências críticas em determinadas áreas.

Essa visibilidade estratégica permite não apenas reagir a problemas, mas antecipar tendências, planejar investimentos com mais precisão e fortalecer a cultura de desenvolvimento contínuo. Além disso, ao substituir suposições por dados sólidos, o RH ganha maior credibilidade junto à alta liderança e se posiciona como parceiro estratégico na transformação do negócio.