Como usar a IA no aprendizado de línguas estrangeiras?
Estudantes que usam a IA reduziram em cerca de 27% o tempo total de estudo sem prejuízo no aprendizado, diz pesquisa
A Inteligência Artificial (IA) tem transformado diversos setores, e o ensino de idiomas é um dos campos que mais se beneficiam dessa evolução. Antes restrito a métodos tradicionais como livros e aulas presenciais, o aprendizado de línguas agora incorpora ferramentas digitais que oferecem experiências mais dinâmicas, acessíveis e adaptadas ao perfil de cada estudante.
Estudo realizado pela IU International University of Applied Sciences, envolvendo mais de 40 cursos universitários, avaliou o impacto da IA no desempenho acadêmico. Os resultados indicaram que alunos que utilizaram tutores virtuais conseguiram reduzir em aproximadamente 27% o tempo total de estudo, mantendo a qualidade do aprendizado. Além disso, esses estudantes demonstraram maior autonomia e engajamento durante o processo educacional.

No caso do aprendizado de idiomas, a tecnologia amplia as possibilidades de imersão. Mais do que memorizar regras gramaticais ou vocabulário, é essencial vivenciar a língua em diferentes contextos. Recursos como aplicativos, vídeos e podcasts ajudam a incorporar o idioma ao cotidiano, tornando o estudo mais natural e eficaz.
A rede Spaceclass criou uma IA que interage com os estudantes, tira dúvidas, corrige e fala até o nível de proficiência. O objetivo principal é atuar em três frentes: personalização, feedback em tempo real e acessibilidade. “A ferramenta permite que cada aluno pratique de forma personalizada, de acordo com suas necessidades e interesses reais. Muitos estudantes que ainda sentem vergonha ou insegurança em falar o segundo idioma com outras pessoas podem usar a IA como aliada para treinar o speaking e serem corrigidos sem medo do julgamento ou do erro”, explica Lucca Lacerda, sócio-fundador da Spaceclass.
Ferramentas baseadas em algoritmos conseguem identificar o nível de conhecimento do aluno, mapear pontos fortes e fracos e montar trilhas de aprendizado sob medida. Além disso, chatbots e assistentes virtuais já são capazes de simular diálogos em diferentes contextos, permitindo ao estudante praticar conversação com mais segurança e confiança.
Outro destaque está no uso de sistemas de reconhecimento de voz, que corrigem pronúncia e entonação de forma instantânea. Essa tecnologia ajuda a acelerar a fluência, principalmente em línguas que apresentam sons e fonéticas distintas do português.
A acessibilidade também é um ponto-chave: aplicativos com tradução simultânea, dicionários inteligentes e legendas automáticas ampliam as possibilidades de contato com o idioma, tornando o aprendizado contínuo e presente no dia a dia. No entanto, a IA deve ser vista como um complemento e não como substituta do professor.
“O grande diferencial da inteligência artificial é oferecer suporte personalizado, mas o papel do professor segue essencial na mediação, motivação e adaptação cultural do ensino”, explica Lucca.