Desemparedamento da infância: movimento valoriza o contato da criança com a natureza
Crianças que vivem nas cidades são mais afetadas pela falta de contato com o mundo natural
Crianças que vivem nas cidades passam a maior parte do tempo em ambientes fechados, seja em casa, na escola ou em outros espaços semelhantes. Isso pode prejudicar o desenvolvimento infantil, já que o contato com a natureza é essencial para a saúde física e mental dos pequenos.
O movimento do desemparedamento da infância busca mudar essa realidade. O blog Novos Alunos, do Grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro), apresenta essa ideia que defende que as crianças precisam ter mais oportunidades de brincar ao ar livre, mexer na terra e explorar o mundo natural. Acompanhe a leitura e saiba mais!
Como surgiu o conceito de desemparedamento da infância?
Existem duas datas cruciais para entender como se desenvolveu a ideia de desemparedamento. Primeiro, a origem da palavra veio da tese: Crianças, Natureza e Educação Infantil, da Professora Léa Tiriba, em 2005. Ela, junto a outros pesquisadores, tem realizado estudos para comprovar o quanto é importante o contato com a natureza.
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Treze anos depois, em 2018, surgia o programa Criança e Natureza, desenvolvido pelo Instituto Alana. No mesmo ano, a organização publicou também um livreto com o título “Desemparedamento da Infância”. A obra possui informações e instruções sobre essa prática.
A ideia é incentivar as escolas e a pedagogia, em geral, a incorporar os fundamentos do desemparedamento no cotidiano das crianças, ensinando aos pequenos que não estamos separados da natureza, mas, sim, que somos parte dela.
Como funciona o desemparedamento da infância?
O desemparedamento da infância ajuda as crianças a desenvolverem a sua criatividade, a sua curiosidade e o seu senso de autonomia. Isso porque ele possibilita, com ajuda de estratégias pedagógicas, a aprendizagem por meio de experiência. As crianças podem explorar, experimentar e descobrir novos conhecimentos por conta própria.
Sendo assim, alguns exemplos das práticas do desemparedamento são:
• o uso de espaços abertos e naturais para atividades educativas, como parques e jardins;
• o estímulo a brincadeiras livres, em que se pode criar e inventar os seus próprios jogos, sem a intervenção constante de adultos.
Por que desemparedar as crianças?
Atualmente, boa parte de nossas crianças são criadas distantes da natureza. Isso fica ainda mais evidente quando olhamos para a população brasileira, em geral. Segundo dados do IBGE de 2015, cerca de 84,72% das pessoas vivem nas cidades. A previsão é que até 2030, mais de 90% passem a viver em ambientes urbanos.
Todos esses dados são um sinal de como a natureza não é mais vista por parte da população como uma parte essencial para a nossa criação — o que nos leva a nos distanciar do mundo natural.
Certamente, esse tipo de modo de vida causa consequências, como: hiperatividade, déficit de atenção, baixa motricidade, entre outros.
Por isso, mais do que nos reaproximar da natureza, o movimento de desemparedar as crianças é uma forma de torná-las adultos mais saudáveis, tanto mentalmente quanto fisicamente.
Além disso, o contato com o natural pode trazer:
• melhores conexões com o território;
• aumento do contato com a natureza;
• mais desenvolvimento;
• menor nível de ansiedade;
• melhora no sono.
Como as famílias podem incentivar?
Como falamos ao longo deste texto, o nosso estilo de vida acaba sendo muito direcionado para os centros urbanos. Se, por um lado, isso trouxe mais modernidade para o nosso dia a dia, por outro, nos afasta cada vez mais da natureza.
Porém, iniciativas como o desemparedamento estão aí para nos ajudar a voltar ao que é natural. O melhor é que existem algumas ações que até os próprios pais podem fazer para começar esse processo. Aqui, vamos apresentar três. Confira!
Realize atividades em parques e praças
Sabemos como encontrar lugares com mais natureza no ambiente urbano pode ser um desafio. A boa notícia é que parques e praças são áreas comuns e existem em quase todas as cidades.
O objetivo, aqui, não é que essas visitas sejam feitas apenas uma vez e pronto, mas que elas sejam recorrentes e até se tornem um padrão. Aproveite esse momento para fazer algumas atividades típicas com as crianças, como: piqueniques, coletas comunitárias e, até mesmo, se for um local seguro, um acampamento.
Leve as crianças em feiras livres
As feiras livres são uma ótima maneira de expor as crianças aos alimentos orgânicos. Esse é um momento muito especial para que elas entendam como funciona o ciclo de vida desses alimentos. Também é uma excelente oportunidade para ensiná-las a plantar e explicar a elas sobre o funcionamento do processo do desenvolvimento da semente até o surgimento do fruto.
Leia sobre a natureza
Por fim, os livros são bons aliados para despertarem a curiosidade e também ensinarem aos pequenos sobre os benefícios da vida na natureza. Leia os diferentes gêneros que tratam desse assunto, seja uma aventura que usa o mundo natural como pano de fundo, ou um livro sobre os habitats de diversos seres que compõem o nosso planeta.
Muitas dessas publicações costumam mostrar as relações horizontais entre nós e a natureza. O melhor é que as crianças não apenas conhecerão o meio ambiente, como também outros territórios e culturas.
O desemparedamento da infância é um movimento muito importante para melhorar o desenvolvimento das crianças, incentivando uma maior liberdade de explorar e aprender sobre o mundo ao seu redor. Por isso, é essencial que os pais e os educadores procurem formas de implementar essa prática em suas rotinas, se esforçando para proporcionar às crianças espaços com natureza.
Ao investir no desemparedamento da infância, estamos contribuindo para o desenvolvimento de uma geração mais saudável e com uma visão mais respeitosa da natureza — o que, consequentemente, colabora para um futuro de respeito à vida natural.
Quer saber mais sobre a educação das crianças? Acesse o blog Novos Alunos!
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