Direto da Boca do Lixo: Carlos Reichenbach é homenageado no Cinusp

A mostra traz longas-metragens e documentários marcantes da carreira do cineasta

A “Boca do Lixo”, região onde a marginalidade se misturava à arte e aos rolos de filme, serviu de berço para muitos diretos que hoje integram o histórico do cinema independente brasileiro. Entre eles, Carlos Reichenbach – o “Carlão” – é destaque da homenagem realizada pelo Cinusp, de 10 a 19 deste mês. Com entrada gratuita, obras marcantes serão exibidas em sessões com exibição às 16h e 19h. A homenagem também se faz devido ao recente falecimento do cineasta, no dia 14 de junho.

Carlão dirigiu mais de vinte filmes e adotou a cidade de São Paulo como pano de fundo para tais produções. Baixo orçamento e temáticas que iam de encontro aos “bons costumes” lhe permitiram ingressar em muitos festivais de cinema e, consequentemente, ser premiado. Formou-se na Escola Superior de Cinema São Luís e lecionou na Eca-Usp, como professor da disciplina de Cinema e Vídeo.

O Cinusp reúne cinco filmes de maior relevância na carreira de Reicenbach, além de três curtas-metragens e três documentários. Veja alguns destes destaques:

10/7

Garotas do ABC
Horário – 16h
Informações técnicas – Brasil, 2004, cor, 35mm, 125’. Classificação: 16 anos.
Sinopse – Em São Bernardo, cidade do ABC paulista, região de fábricas têxteis e metalúrgicas, um grupo de operárias vive seu cotidiano de intenso trabalho, sonhos e ilusões. Entre elas, destaca-se Aurélia, operária negra, bela e atrevida, que adora homens fortes e musculosos. Seus problemas começam quando ela se apaixona por Fábio, jovem enturmado em um grupo neonazista que pratica atentados contra negros e nordestinos.

Sangue Corsário
Horário – 16h
Informações técnicas – Brasil, 1980, cor, 35mm, 10’. Classificação: Livre.
Sinopse – Perambulando pelas ruas de São Paulo durante a hora de almoço, um bancário encontra um amigo da década de 1960, na galeria Metrópole. Trata-se de um poeta e andarilho urbano com o qual o atual bancário viveu intensamente os anos da contra-cultura. O tempo e a sobrevivência fez os dois escolherem profissões e caminhos opostos. O entrecho é apenas pretexto para o registro-homenagem da obra poética, urbana e errática, de Orlando Parolini, amigo pessoal do diretor Carlos Reichenbach.

Alma Corsária
Horário – 19h
Informações técnicas – Brasil, 1993, cor, 35mm, 111’. Classificação: 16 anos.
Sinopse –
Torres e Xavier, poetas e amigos de infância, lançam o livro “Sentimento Ocidental” e convidam pessoas dos mais variados estilos para o evento numa pastelaria, entre eles um suicida em potencial, salvo por Torres no Viaduto do Chá. Ao mesmo tempo em que a festa avança, Torres e Xavier relembram momentos de sua longa amizade. Abrangendo desde o final dos anos 1950 até o início dos anos 1980, o filme reflete as mudanças sociais e políticas pelas quais passou o Brasil durante esse período, por meio da formação cultural e das experiências pessoais do próprio Carlos Reichenbach e dos seus colegas Jairo Ferreira e Orlando Parolini.


11/7

Bens Confiscados
Horário – 16h
Informações técnicas – Brasil, 2005, cor, 35mm, 108’. Classificação: 16 anos
Sinopse – Américo Baldani, poderoso senador da República, é denunciado publicamente pela esposa Valquíria por corrupção, tráfico de influências e bigamia. Quando sua amante, a estilista Isabela Siqueira, suicida-se, ele manda sequestrar Luís Roberto, o secreto filho bastardo que tivera com a amante, e o esconde da imprensa e dos inimigos políticos, numa cidade balneária no extremo sul do país. Para cuidar dele, o senador convoca a enfermeira Serena, outra antiga amante.

Esta Rua Tão Augusta
Horário – 19h
Informações técnicas – Brasil, 1968, p&b, 35mm, 8’. Classificação: Livre.
Sinopse: Documentário que registra de forma irônica o cotidiano da Rua Augusta, uma das vias mais conhecidas da cidade de São Paulo e centro comercial de classe média alta. O filme centra sua atenção no pintor “naif” Waldomiro de Deus, cuja irreverência da obra e comportamento chocava-se frontalmente com o universo burguês dos frequentadores do local. Trata-se de um exercício prático de alunos do da Escola Superior de Cinema São Luiz, produzido pelo professor Luiz Sérgio Person.

Filme Demência
Horário – 19h
Informações técnicas – Brasil, 1986, cor, 35mm, 90’. Classificação: 16 anos.
Sinopse –  Um pequeno empresário da indústria de cigarros, falido economicamente e em crise doméstica, é praticamente exilado de casa pela mulher e passa a refugiar-se em visões e alucinações enquanto vagueia sem rumo pela ruas da metrópole paulistana. Como na lenda de Fausto, ele encontrará um confidente em Mefisto, que lhe aparecerá sob várias formas e personalidades, ora como traficante noturno, ora como uma cândida velhinha.


12/7

Soberano
Horário – 16h
Informações técnicas – Brasil, 2005, cor, 35mm, 15’. Classificação: 16 anos.
Sinopse – Reminiscências resgatam a trajetória do bar Soberano, símbolo da intensa e espontânea produção do movimento cinematográfico da Boca do Lixo, cujos principais artífices frequentavam o bar, ponto de encontro da classe artística da região. Dentre os depoimentos reunidos no filme estão os de personalidades como Aurora Duarte, João Callegaro, Clery Cunha, Carlos Coimbra, Adriano Stuart, Inácio Araújo, Carlos Reichenbach, José Mojica Marins, Francisco Cavalcanti e Ozualdo Candeias.

Candeias: da Boca pra fora
Horário –
16h
Informações técnicas – Brasil, 2002, cor/p&b, 16mm, 17’. Classificação: 14 anos.
Sinopse – Um retrato original de um dos mestres do Cinema Marginal brasileiro, Ozualdo Candeias, realizador dos clássicos “A Margem” e “Zezero”. Grandes personalidades do cinema paulistano, como Carlos Reichenbach, Inácio Araújo, Jairo Ferreira e José Mojica Marins apresentam seus controvertidos depoimentos sobre este artista que foi, genuinamente, um cineasta do povo.

O Galante Rei da Boca
Horário –
16h
Informações técnicas – Brasil, 2003, cor, vídeo digital, 50’. Classificação: 16 anos.
Sinopse – Também chamado de o “Rei da Boca”, ou “Produtor Biônico”, Antonio Polo Galante produziu mais de 50 obras, de filmes de cangaço a comédias eróticas, de dramas psicológicos a filmes policiais, passando por bang-bangs e filmes de kung-fu. Com depoimentos do prórpio Galante e entrevistas inéditas com técnicos, diretores e críticos que fizeram a história do cinema brasileiro (como Carlos Reichenbach, Jairo Ferreira, Rogério Sganzerla, Inácio Araújo, Pio Zamuner e João Silvério Trevisan), além de trechos de seus filmes, imagens de São Paulo e da Boca do Lixo de ontem e de hoje, o documentário reflete e informa, sempre com humor, sobre o fazer cinema no Brasil.

O M da Minha Mão
Horário – 19h
Informações técnicas – Brasil, 1979, cor, 35mm, 7’. Classificação: Livre.
Sinopse – Realizado em parceria com Jairo Ferreira, este curta presta homenagem ao compositor e acordeonista Mario Gennari Filho, autor de clássicos populares como “Baião Caçula”, e “O M da Minha Mão”. Cego de nascença, Mario aparece em sua casa, ao lado da família, e com seu conjunto musical em plena atividade na casa noturna de sua propriedade. Os tempos de popularidade junto às camadas mais pobres são apenas lembranças, materializadas nas imagens documentais da periferia de São Paulo.

Falsa Loura
Horário – 19h
Informações técnicas –
Brasil, 2007, cor, 35mm, 105’. Classificação: 16 anos.
Sinopse – Silmara, uma operária especializada de exuberante beleza, que sustenta o pai incendiário, envolve-se com dois diferentes mitos da música popular e com cada um deles irá experimentar traumáticas lições de vida. Último filme do diretor Carlos Reichenbach, e o segundo do projeto que tinha como objeto de interesse o universo das mulheres operárias da região do ABC na Grande São Paulo.

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Confira a programação completa aqui.