Em Curitiba: crianças fazem pernoite no zoológico e aprendem a respeitar a fauna

Por: Catraca Livre
Alimentar as girafas é um dos pontos altos da noite

Acantonamento é um tipo de acampamento que não é feito em barracas. Muito comum no universo dos militares ou dos agentes das nações unidas, geralmente é realizado em construções provisórias, para abrigar pessoas em uma situação temporária. Mas o acantonamento ecológico do Zoológico Municipal de Curitiba é bem diferente e duradouro. Projeto mais antigo da prefeitura da cidade, há 23 anos ele recebe crianças para passar a noite no zoo e participar de uma programação especial, que é tanto divertida quanto educativa.

Quarenta alunos do quinto ano do ensino fundamental – 20 meninos e 20 meninas com idade entre 10 e 11 anos – são recebidos pelo programa todos os fins de semana. Eles chegam aos  sábados às 9h da manhã, pernoitam e só vão embora às 17h do domingo, depois de terem a chance, por exemplo, de dar comida às  girafas e hipopótamos. O ponto alto

Quarenta crianças dormem no Zoo todo fim de semana
A programação inclui palestras sobre a preservação da fauna

é a caminhada à noite para visitar animais de hábitos noturnos, que normalmente ficam mais escondidos e são difíceis de observar durante o dia. Eles também colhem frutas do pomar e, na fazendinha que faz parte do parque no qual o zoo está inserido, os meninos têm a chance de tocar em coelhos e marrecos. “É muito instrutivo. Algumas crianças já apontaram para uma galinha e perguntaram que animal era aquele. Essa é uma oportunidade dos estudantes aprenderem se divertindo”, explica Cláudia Regina Bosa, coordenadora da Divisão de Educação para a Conservação da Fauna.

A casa onde os alunos são recebidos é uma atração à parte. Feita em vidro e madeira de eucalipto, com 150m2 e dois andares, a construção foi erguida no meio de uma floresta de araucárias. É lá – no famoso acantonamento – que as crianças passam a noite e assistem a palestras sobre variados assuntos ligados ao cuidado com os animais.

Um assunto sempre presente nessas discussões é a importância da existência de zoológicos e de como eles funcionam. “São lugares próprios para proteger e estudar os animais; os bichos não são mal tratados ou retirados da natureza para serem enjaulados”, explica a coordenadora. A forma mais usual de um zoo obter um novo animal de qualquer espécie é por meio de troca com outra instituição de qualquer local do mundo. Também ocorre de o zoológico receber animais que foram resgatados de cativeiros ilegais. “Mostramos para as crianças a forma como trabalhamos e como, graças a esse tipo de trabalho, espécies ficaram livres da extinção”, informa.

As crianças só vão embora na tarde do domingo

O projeto semanal é voltado principalmente para a alunos da rede municipal de Curitiba. O restante da agenda é dividido entre as escolas públicas estaduais ou de municípios da região metropolitana, além de colégios particulares e grupos de escoteiros. A demanda excede em muito o número limitado de fins de semana de um ano e já há 40 instituições de ensino na fila para 2015. “Para tentar atender o máximo de escolas, decidimos que aquela que participa do nosso acampamento em um ano, não pode voltar no seguinte, para dar a chance aos outros”, comenta Cláudia, toda orgulhosa da atividade que tanto anima e ensina as crianças.

Esta iniciativa está no Mapa do Mundial da Educação. Conhece outro projeto que usa a cidade como lugar de aprendizado? Isira-o no mapa.