Em SP, coletivo usa tricô e crochê para ocupar a cidade, um ponto por vez
Ativismo de agulhas ensina crochê e tricô gratuitamente e ainda embeleza a capital paulistana
Há pouco mais de uma semana, o Minhocão (como é conhecido o Elevado Costa e Silva), em São Paulo, virou notícia por ter sido ocupado e enfeitado. A iniciativa foi do Coletivo Agulha, grupo que começou em maio deste ano com a união de quatro amigas interessadas em fazer intervenções urbanas pela capital paulista. Dezenas de pessoas fizeram tapetes verdes, flores e bichos de diferentes cores em crochê e tricô, lembrando a possiblidade de aquele também ser um local de lazer e beleza.
A roteirista Teca Eça, que atua no grupo desde a primeira ação no Largo da Batata, também em São Paulo, explica que sua motivação é acreditar que cidade pertence aos cidadãos. “Há anos, fui a uma festa em um local público e um dos organizadores me disse que não tinha pedido autorização de ninguém para usar o espaço porque a cidade é nossa”, lembra ela. “Foi quando ‘caiu essa ficha’ para mim. Se é nossa, devemos ocupá-la e enfeitá-la, em vez de apenas apontar críticas”, provoca.
É pela página do grupo no Facebook que a programação é divulgada. Em vários fins de semana (embora sem frequência definida), há encontros na Praça Buenos Aires, nos quais as veteranas ensinam os novos participantes como tricotar e fazer crochê. Agulhas para empréstimo estão disponíveis e, como o coletivo tem patrocínio para os novelos de lã, quem estiver disposto a praticar em casa, pode levar o material. Mas a técnica é o que menos importa. “Eu mesma não sei fazer um crochê perfeito e não estou nem aí para isso. O que me interessa é o ativismo que colocamos no que é feito”, conta Teca.
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O ativismo de agulhas, que já ocupou tantos pontos-chave da cidade, tem um próximo local na mira. O grupo planeja invadir a Praça Roosevelt com seus novelos e agulhas. “Vamos criar um rio por lá”, entrega a roteirista. O leito de fios coloridos promete embelezar e, ao mesmo tempo, chamar a atenção para a importância de usar corretamente os recursos hídricos. “Já estamos pensando em nos unirmos a outras pessoas que se interessam pelo tema da água, para fazermos algo bem grande”, conta. Uma das participantes da ocupação no Minhocão trabalha com fragrâncias e será chamada a colaborar no próximo evento, que deve ocorrer em fevereiro ou março do ano que vem. Sempre tendo em mente que a cidade é de todos, o coletivo agora quer influenciar todos os sentidos do paulistano.