Em Brumadinho (MG), alunos do Inhotim criam festival e querem espaço no calendário oficial do município
Iniciativa foi inspirada visita dos adolescentes ao New Museum, em Nova Iorque,
Museu a céu aberto, Inhotim, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, tem um dos principais acervos de arte contemporânea do mundo e o jardim botânico com o maior número de espécies de plantas vivas no Brasil. O espaço de visitação de 110 hectares atrai interessados de todos os continentes e provoca, desde sua abertura, em 2006, curiosidade nos moradores de Brumadinho, município com cerca de 35 mil habitantes, onde está localizado.
Para incentivar a proximidade com os vizinhos, foram criados diversos projetos educacionais. Mais antigo deles, o Laboratório Inhotim é um programa de formação por meio da arte voltado para alunos de 12 a 16 anos da rede pública de Brumadinho. “O objetivo não é formar artistas, mas, por meio do contato com criadores e com acervos de Inhotim e de outros museus, tornar os alunos mais criativos, críticos e ativos em suas comunidades”, explica Maria Eugênia Salcedo, gerente de educação do museu. Os estudantes frequentam aulas em Inhotim duas vezes por semana durante um ano, e podem seguir no projeto por dois outros anos, sempre dependendo da aprovação em seleções que levam em conta, especialmente, o interesse que têm em interagir com o local onde vivem.
Para mostrar o que aprenderam, desde 2007, os participantes expõem seus trabalhos em espaços da capital mineira ou dentro do próprio Inhotim. Mas a turma de 2014 desejava fazer isso dentro de sua comunidade. Surgiu, assim, a ideia de produzir um festival em uma das principais praças do município. Parte importante da pesquisa para a produção do evento foi feita em Nova York, em julho, quando oito jovens fizeram um intercâmbio na metrópole americana.
- Exercício físico alivia sintomas de depressão na terceira idade
- Férias de verão: 5 hotéis e resorts no Brasil com pista de boliche
- 3 cidades em Minas Gerais que vão te seduzir pelo estomago
- Infecção urinária: 4 chás naturais para combater a doença
Intercâmbio — Londres e Buenos Aires são cidades que também já receberam outras turmas do Laboratório
O ponto alto da viagem foi o engajamento dos estudantes na organização de um evento de um museu de arte contemporânea americano, o New Museum. Já há oito anos a instituição promove uma festa chamada Block Party, cujo objetivo é atrair a população do entorno à oferta cultural do museu. Os brasileiros ficaram de olho nos pontos positivos que mereciam ser replicados em casa. “Havia muitos voluntários e era tudo muito organizado”, observa Vanessa Cristina Brasil Pereira, de 13 anos, aluna do 8ºano do ensino fundamental, e que fez parte do intercâmbio. O Festival Mambembe, realizado pela turma em novembro, no município mineiro, também contou com voluntários. Outra semelhança que Vanessa aponta é o público heterogêneo: “Em Nova York e aqui, havia gente de todas as idades e a programação foi pensada para alcançar isso”, explica.
Também seguindo os moldes do que foi visto nos Estados Unidos, foram oferecidas oficinas com diferentes temas, como pintura e grafitti. Nelas, os alunos se transforam em instrutores, ao lado dos educadores do Laboratório. Vanessa ficou responsável pela oficina de assemblage – quando objetos em papel, tecido, madeira, como brinquedos ou utensílios domésticos são reunidos ou colados para formar algo novo. “No princípio, o público estranhava aquilo, mas, quando as pessoas começaram a criar, não queriam mais parar. Especialmente as crianças”, orgulha-se.
Houve também diferenciais importantes no evento brasileiro. Como já existe uma tradicional feira de trocas em Brumadinho, os adolescentes propuseram uma colaboração e, assim, o troca-troca se deu dentro do Festival Mambembe, ao lado da programação arte e de shows de música. Com tudo misturado, as pessoas tinham a chance de oferecer o que quisessem e houve até um homem que emprestava o cavalo aos interessados em dar um voltinha.
Com tanto sucesso, o Festival Mambembe, realizado no último mês de novembro, deve fazer parte do calendário fixo de Brumadinho a partir de 2015. “Ainda estamos conversando sobre isso, mas uma boa ideia pode ser adiantar a data para mais próximo do início da primavera, em setembro”, revela Maria Eurgênia. Vanessa e seus colegas do Laboratório estão na torcida: “Foi legal pra quem produziu e para o pessoal de Brumadinho que participou. Precisa repetir, sim”, conclui a adolescente.