Livro multissensorial inclui crianças que não sabem ler em braile

Sabe-se que uma criança pode interagir com um livro de diversas formas. Principalmente na primeira infância, os bebês leem com o corpo, com as mãos, com os ouvidos e a boca, desafiando o próprio conceito que os adultos têm do que é a leitura.

Para incluir crianças que não enxergam, existem os livros em braile, porém, e quanto às crianças menores ou que ainda não aprenderam essa forma de linguagem?

Pensando nisso, a Associação de Intervenção Precoce (ANIP), de Portugal, acaba de lançar o livro “O que vês, o que vejo”. Na história, todos os elementos convidam à leitura: ilustrações sensoriais, elementos em alto relevo que saltam da página, braços e pernas de personagens feitos de madeira articulada que se mexem e ultrapassam o limite do papel e outros elementos que só mesmo as crianças poderão perceber.

Nem só de linguagem em braile é feito um livro para crianças que não enxergam. “O que vês, o que vejo” contém ilustrações sensoriais e diversos estímulos táteis para incluir também as crianças que não sabem ler em braile.

A obra foi produzida pela editora francesa Les Doigts Qui Rêvent, que especializada na produção de livros táteis. Este é o primeiro livro do gênero a chegar ao mercado editorial português, e pode servir como inspiração para a produção do mercado brasileiro.

Em entrevista ao jornal português Público, a psicóloga da ANIP, Viviana Ferreira, explica que o intuito do livro é acolher na leitura de crianças de até seis anos que ainda não sabem ler em braile.  “Queremos que elas tenham a oportunidade de, através das ilustrações táteis, dos bonecos com braços que saltam da folha e se mexem, de um sol que se empurra da esquerda para a direita e de um girassol que gira fazer uma leitura da imagem, tendo em conta aquilo que o texto lhe propõe”.

Sabe-se que um livro como este demanda altos recursos e acolhida comercial, e que são muitos os fatores que favorecem o mercado editorial europeu, se o compararmos ao do Brasil. Porém, este lançamento pode servir como inspiração para futuros projetos similares por aqui, e chama a atenção para a importância da literatura ser cada vez mais inclusiva, conectada à realidade e atenta às necessidades dos grupos leitores minoritários.

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