Livro orienta como realizar oficinas antirracistas em sala de aula

A publicação digital pode ser baixada gratuitamente

17/02/2023 12:40

Educadores passam a ter acesso a um conjunto de materiais para estudo e construção de atividades pedagógicas de combate ao racismo a serem desenvolvidas em sala de aula. “Por uma infância escrevivente: práticas de uma educação antirracista” é um manual com diversas sugestões de oficinas orientadas à cultura de equidade entre os estudantes.

A publicação explica o passo a passo de sua execução pelos professores, desde a lista de materiais necessários até como concluir da melhor maneira cada prática.

Livro orienta educadores como realizar oficinas antirracistas em sala de aula
Livro orienta educadores como realizar oficinas antirracistas em sala de aula - Divulgação

 

Em suas páginas, por exemplo, é possível aprender como fazer uma oficina sobre a culinária afro-brasileira voltada às crianças. Também há a sugestão de incluir o conhecimento sobre culturas populares, ritmos e características de musicalidades afro-brasileiras em atividades simples, como “Faça o que mestre mandar” ou “Boca de forno”, como a brincadeira é conhecida na Bahia.

Para a professora e etnopesquisadora Fátima Santana, ações como essas são capazes de promover o contato das crianças com os saberes oriundos dos povos africanos. Todas as práticas contidas no livro foram realizadas, com excelentes resultados, pelo Centro Municipal de Educação Infantil Doutor Djalma Ramos, em Lauro Freitas (BA), onde ela atua como coordenadora.

Uma das atividades propostas é uma oficina gastronômica, que contou com o envolvimento de toda a comunidade escolar, incluindo as famílias, e, além do preparo dos alimentos, as receitas foram compartilhadas.

“A partir dessa experiência coletiva, buscamos dar visibilidade ao repertório de histórias e memórias afetivas dos alunos, famílias e equipe pedagógica, na perspectiva de uma educação comprometida com os valores identitários da cultura negra e baiana”, fala com orgulho a professora Fátima.

“Por uma infância escrevivente: práticas de uma educação antirracista” faz parte de um acervo digital sobre equidade racial.
“Por uma infância escrevivente: práticas de uma educação antirracista” faz parte de um acervo digital sobre equidade racial. - Divulgação

Além das atividades lúdicas, o livro propõe aos educadores vários questionamentos sobre a educação antirracista, como: “Quem você chama de linda?”, “Por que não decorar a sala de aula com imagens e personalidades femininas negras?”, Como é a conduta das professoras auxiliares com as crianças negras?” ou “Você só fala sobre o negro no dia 20 de novembro?

Conteúdos como esses conseguiram chegar às páginas de “Por uma infância escrevivente: práticas de uma educação antirracista” graças à colaboração de outras três professoras — Cristiane Melo, Elisiane Lima e Mabian Ribeiro –, todas educadoras negras, que, sob a coordenação de Fátima, pesquisaram maneiras de contemplar a agenda antirracista dentro da realidade da escola pública brasileira.

A publicação digital pode ser baixada na biblioteca do Anansi – Observatório da Equidade Racial na Educação Básica. Pela iniciativa de Fátima e as demais professoras, também foi escrito um “Livro de Memórias”, com narrativas das participantes sobre o ato de ensinar às crianças por meio das oficinas.

Projeto selecionado

O projeto da professora Fátima Santana foi contemplado pelo Edital Equidade Racial na Educação Básica: pesquisa aplicada e artigos científicos, lançado em 2019, iniciativa do Itaú Social coordenada pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), em parceria com o Instituto Unibanco, a Fundação Tide Setubal e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Outros pesquisadores sobre o tema mapearam exemplos de práticas pedagógicas antirracistas e também terão suas obras disponibilizadas para download gratuitamente, no recém-inaugurado acervo digital Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisas e Materiais, que pode ser acessado na Biblioteca Dinâmica do Observatório Anansi, pelo site anansi.ceert.org.br/biblioteca.

A iniciativa foi lançada oficialmente em 9 de janeiro deste ano, em comemoração aos 20 anos da Lei 10.639, que alterou a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), tornando obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas brasileiras.
As publicações “Por uma infância escrevivente: práticas de uma educação antirracista” e “Livro de Memórias” fazem parte da primeira leva de materiais disponibilizada para download. Até dezembro deste ano, o acervo digital vai abrigar mais de 50 produções, entre livros, teses acadêmicas, artigos, e-books, jogos didáticos e vídeos, que serão lançados periodicamente.

Os próximos lançamentos serão um vídeo produzido por alunos do ensino médio do Coletivo de Música AfroIF, sobre o cantor e compositor Cartola, dois artigos sobre literatura: “LitERÊtura: formação em literatura infantil e juvenil com temática da cultura africana e afro-brasileira” e “Literatura negro-brasileira: representações de famílias negras em narrativas literárias”, além do livro “Poronga da Equidade: Saberes tradicionais e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola” e da cartilha “Porongando práticas antirracistas em escolas quilombolas”. As novidades podem ser acompanhadas nas redes sociais do Ceert.