No Pará: crianças e adultos aprendem a valorizar o patrimônio arqueológico

Educação ajuda a preservar o patrimônio histórico e a gerar renda.

Crianças aprendem sobre cerâmicas pré-históricas

O solo do Norte brasileiro é conhecido pela riqueza do minério que esconde e pela diversidade da flora que exibe. Um projeto desenvolvido por educadores e pesquisadores locais pretende mostrar que há mais do que isso. No Noroeste  do Pará, existe um importante sítio arqueológico, que reforça os estudos da ocupação pré-histórica da Amazônia. Embaixo da terra, é possível encontrar utensílios e adornos que datam até de quatro séculos antes de Cristo. Com conhecimento sobre a história dessas peças, os moradores têm aprendido a identificar e a valorizar os tesouros (feitos de barro) encontrados no quintal de suas casas.

Para que os achados arqueológicos sejam reconhecidos e preservados professores se reúnem com a população ribeirinha paraestudar a história dessas peças. A iniciativa de profissionais ligados ao Museu Paraense Emílio Goeldi teve início em 2001 e deu origem ao  projeto Educação Patrimonial. Atualmente, atende quatro comunidades quilombolas às margens do Rio Trombetas.

Em encontros de oito horas, realizados uma vez ao mês em centros comunitários de cada localidade, adultos e crianças contam e ouvem lendas amazônicas e estudam sobre os grupos que habitaram a região séculos atrás. Eles também aprendem a criar peças em cerâmica com design semelhante ao das feitas antigamente.

Alunos viram artesãos e vendem suas peças

Enquanto os mais velhos se dedicam à confecção de vasos e de outros objetos de decoração, as crianças preferem moldar bichos de barro, inspirados nos animais que veem no dia a dia, como sapos, jacarés e macaquinhos. “Na escola, essas crianças aprendem um conteúdo que as induz a pensar que o Brasil começou em 1500, com os portugueses. Nossos esforços são para elas entenderem a riqueza que já havia exatamente no mesmo lugar onde elas vivem, milênios antes”, explica a educadora Regina Celi de Deus Vieira Cavalcanti Silva.

O ciclo de encontros dura um ano e os alunos que se destacam no artesanato  vendem os seus produtos diretamente ao consumidor em diferentes feiras no interior do Pará, aumentando a renda familiar.